sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Da série: Coisas Engraçadas

Dia desses num frio desgraçado a Bia estava no ponto esperando o onibus passar. O ponto de ônibus perto da EXADE fica do outro lado da rua na direção oposta a direção que um carro deveria ir caso estivesse indo pra nossa casa. Muito bem, depois de 30 minutos no ponto, a Bia desiste e faz sinal pro primeiro taxi que passa. Ela entra no taxi e diz para o motorista o endereço. O motorista diz "mas essa rua fica pro outro lado." A Bia diz que sabe disso e fica com uma cara de interrogação do tipo "qual o problema? basta dar a volta". E o motorista durante todo o trajeto fica dando esporro na Bia dizendo que é um absurdo ela pegar um taxi do lado errado da rua, porque ele não queria ir para aquela direção, mas agora ele foi obrigado, blá blá blá. A Bia quase chorando já, tamanho era o esporro, pede pra sair do taxi, pedindo milhões de desculpas e o taxista com o humor típico catalão diz que não, que agora ela tinha que ficar ali e escutar!

Hoje foi a final do campeonato de futebol da IEXE. A minha turma estava na final e nós estávamos lá pra apoiar. Mais uma vez passei uma vergonha por ser essa brasileira paraguaia que sou. Os amigos ficavam pedindo músicas típicas dos estádios brasileiros e eu que sou frequentadora assídua de Maracanã só consegui lembrar do "ai, ai ai ai, aiaiaiaiaiaiai, em cima, em baixo, puxa e vai" que deve ter sido da Copa de que? 94? Pra piorar os amiguinhos asiáticos não conseguem pronunciar o aiaiaiai por algum problema fonoaudiólogo qualquer e eu me vi ligando pra Bia, que devia estar no meio de um trabalho de grupo, pra pedir músicas da torcida do Flamengo pra ver se eu conseguia reverter a situação. Bom, nosso time perdeu e eu não sou mais uma líder de torcida.

Eu e Bia estamos na última semana frenética fazendo as tarefas diárias do mba, estudando para as provas, comprando presente de Natal, comprando cirolas cada vez mais grossas e tá uma correria tão grande que as tarefas domésticas tem ficado um pouco de lado. A situação ainda fica muito pior se você lembrar que a nossa empregada Lenira está de férias no Brasil. Por exemplo, se o Paulinho não vem aqui nos visitar, o lixo na área de serviço vai crescendo, crescendo e agora tá tão grande e pesado que nenhuma das duas consegue descer com ele. (O Paulinho disse que quando tiver uma folga ele vem aqui nos ajudar. Ainda bem que estão todos bem fechados e não fedem).

Dia desses acabou a folha da impressora. Isso gerou um pequeno transtorno, mas a gente foi se virando com as folhas de rascunho. Fomos reaproveitando os lados dos papeis, que por um lado foi até uma atitude super ecológica. Mas aí as folhas de rascunho acabaram, um mês se passou e nenhuma das duas comprou papel. Um dia eu tive que acordar mais cedo pra imprimir um trabalho e nem assim eu tive vergonha na cara de comprar mais papel. E o mesmo aconteceu com a Bia várias vezes. Pois bem, ontem chego em casa toda animadinha com uma idéia maravilhosa que eu tive para solucionar o problema da falta de papel e vejo a impressora cheia papel. Aparece a Bia e diz "roomie, roubei papel da faculdade..." e eu mostro um blocão de papel e digo "Eu também!". Brasileiras pobres e malandronas.

As aulas acabaram e faltam 7 dias pra gente chegar!!! \o/

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Low Capacity

Queridos leitores, desculpem a demora para atualizar o blog, mas o bicho está pegando aqui. As provas começaram, acabaram, começaram de novo e eu não paro de estudar. Não tenho muitas novidades que não sejam em torno do assunto provas (boooring), mas eu vou tentar me lembrar de todas as coisas que aconteceram (ou não) nesse mês:

* Nossa rotina é sempre a mesma: acordo, vou pra escola, volto da escola, tomo banho, Bia chega com o pão quentinho, colocamos o papo em dia enquanto comemos o pão com manteiga, volto a estudar, a Bia faz a sopa dela, jantamos, conversamos mais, estudamos mais e vamos dormir.

* O diferente desse mês é o frio bizarro que está fazendo (essa semana choveu granizo!). Com esse tempo, a minha volta pra casa de bicicleta foi cancelada e a espera no ponto pelo ônibus se tornou ainda mais penosa.

* Outra diferença também é a nossa casa que está mais suja que o normal porque a nossa empregada Lenira teve que voltar para o Brasil às pressas pra visitar a mãe doente.

* Esse mês eu tive uma alergia muito doida que deixava os meus olhos vermelhos e inchados como se eu tivesse levado um soco. Fui duas vezes à dermatologista e ninguém descobriu o que era. Pensando nas coisas que poderiam estar me dando alergia, cheguei a duas possibilidades. Mudei as duas e a alergia passou. Ou seja, ou os cachecóis de tecido duvidoso que eu comprei (que eram super baratos, claaaro) estavam me dando alergia ou mudar a roupa de cama apenas uma vez por mês não faz bem a saúde (Mas sinceramente, quem tem paciência de mudar a roupa de cama? Pó tem que lavar também, mô saco. Hehehe)

* Eu fui mal em todas as provas, já consegui tirar três Cs, o que significa que se eu não recuperar as notas nas provas finais, terei um encontro com o conselho da IEXE onde eles decidirão se eu mereço continuar na escola ou não. Se a resposta for sim, eles vão me dar outra prova para eu tentar me recuperar. Ou seja, muito fudida.

* Tivemos uma festa de Thanksgiving na IESE com todos os alunos e funcionários. Todo ano nessa festa os alunos oferecem coisas para serem leiloadas durante a noite e todo dinheiro é doado para uma instituição de caridade. Por exemplo, eu e mais 7 meninas nos leiloamos! O menino que nos comprasse teria direito a um jantar feito pela gente na casa dele. Fomos vendidas por 600 euros!! Bom, eu sei que o jantar rolou a noite toda, eu bebi várias garrafas de vinho e quando me dei conta eu tinha comprado dois ingressos pra um jogo do Barcelona por 400 euros!! Do tipo “quando bebo fico rica”, sabe?

* Eu e Bia fomos na feira náutica aqui de Barcelona. Morremos de saudade do nosso querido Horus e morremos de inveja daqueles barcos enormes. Fotos:
http://picasaweb.google.com.br/Marcelle.Iglesias/SalonNautico#

* A nossa casa continua funcionando em low capacity (comentário nerd-engraçadinho).

* Morro de saudades dos meus amigos, mas tenho que confessar que certos momentos com a distância são impagáveis. Receber um email do meio da aula de Accounting com o título “aeeee, beijei na boca!!” ou com a frase “você acredita que o Camelo está comendo a Malu Magalhães?” fazem os meus dias mais felizes.

* E como eu e Bia estamos contando os dias pra voltar pra casa (20 dias), deixo aqui o videozinho que fizemos para lembrar a todos que a nossa volta é dia 19 de dezembro:
http://elfyourself.jibjab.com/view/uu3lcAhiHcry8kGO

sábado, 1 de novembro de 2008

Festa de Halloween

Mais fotos, clique aqui.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Happy Diwali

Ontem foi um dos feriados mais importantes na cultura indiana, o Diwali. O Diwali é uma festa religiosa hindú conhecida também como o festival das luzes. Durante o Diwali, celebrado uma vez ao ano, os indianos estreiam roupas novas, trocam presentes, comem um banquete, dividem doces e estouram rojões e fogos de artifício. Esse festival celebra o assassinato do malvado Narakasura, o que converte o Diwali num evento religioso que simboliza a destruição das forças do mal. É como o Natal para nós.

Os indianos da IEXE fizeram uma super festa para comemorar o Diwali e convidaram todos os amigos. Como o MBA is all about learning, lá fui eu ter uma aula da cultura indiana, que tem me encantado cada vez mais. Eu nunca acreditei quando a Julinha dizia que o pão indiano é maravilhoso, mas agora eu sei que realmente é. Alias os pães indianos são todos deliciosos. Eu tinha o maior preconceito com a culinária indiana, confesso. Não sou muito chegada a curry, muito menos comida picante, mas parece que é verdade quando dizem que comida indiana boa de verdade não é tão carregada no curry e na pimenta como normalmente se imagina. Além da comida, os indianos estavam usando as roupas típicas, que são muito bonitas, e todos aqueles acessórios. Cantaram e dançaram numa alegria só. É um povo muito unido, alegre e que valoriza muito a sua cultura. Bonito de ver. Adorei a festa!


Já sei até o que alguns vão dizer. Não, eu não estou apaixonada por nenhum indiano e, não, não acho que isso vá acontecer. São pessoas maravilhosas, com certeza, mas para por aí. :)

domingo, 19 de outubro de 2008

IEXE Rules!!

Já faz quase um mês que as aulas de verdade começaram e agora todos aqueles mitos e tudo que eu tinha ouvido falar sobre a IEXE, seja dos alunos do segundo ano ou das coisas que eu tinha lido, se confirmaram. Eu já sabia que a IEXE era competitiva, cheia de regras e rígida, mas uma coisa é saber, outra coisa é realmente viver nesse ambiente. Na verdade, sempre existiu uma parte em mim que dizia: “ah não deve ser assim tão mal.” Mas, é! É assim mesmo. Não me entendam mal, eu estou feliz, eu escolhi a IEXE exatamente por essas razões, mas confesso que mesmo pra mim, que estava esperando isso tudo, tem sido difícil se acostumar. Já no primeiro dia de aula fomos apresentados às novas regras:

- As nossas notas são ranqueadas. Independente de quanto você tira na prova, a sua nota vai depender do rendimento da turma em geral. Eles ranqueiam a turma toda, as 15 maiores notas ganham A, as 7 piores ganham C e todo mundo no meio ganha B. Se você tirar dois C seguidos na mesma matéria, ou 2 C no mesmo term, você vai a conselho e vão decidir se você continua ou não na escola.
- Mais da metade da nossa nota vem de participação em sala de aula. Os professores ganham um mapa da sala de aula com as nossas fotos e os lugares onde nós sentamos. (Nós temos lugares fixos, organizados em ordem alfabética). Com esse mapa, depois da aula, o professor faz anotações sobre os nossos comentários. Dois pontos se o seu comentário gerou discussão ou contribuiu para o desenvolvimento da aula, um ponto se você trouxe informação nova, mas que estava escrita no texto, zero ponto se você não falou nada e menos um ponto se você mostrou que não leu o texto ou quis dar uma de engraçadinho e fez um comentário inapropriado. Todas as nossas aulas são baseadas em algum caso de uma empresa e a gente fica lá discutindo o problema e tentando buscar soluções. O objetivo é juntar as opiniões de todos os alunos de todos os cantos do mundo e dos mais diversos ‘backgrounds’ profissionais e culturais. Então faz sentido que a participação seja tão importante. Porém é óbvio que uma pessoa que tem o inglês como primeira língua se sente muito mais à vontade pra dar a sua opinião que alguém que não tem. Além disso, eles formulam as frases mais rápido que a gente. Quando os professores começam as aulas e fazem a primeira pergunta do dia “qual o problema no caso de hoje?” A turma inteira está de braço levantado, com a resposta na ponta da língua e essa guerra para participar dura por 1h15 em todas as aulas.
- Se chegarmos atrasados até 15 minutos, temos que contar uma piada quando entramos, e se chegarmos mais de 15 minutos atrasados, não podemos mais entrar. Se formos faltar por qualquer razão precisamos ligar ou mandar email avisando. Não podemos levar comida e nem bebida (nem água) pra sala de aula e não podemos sair pra ir ao banheiro. É proibido levar computador pra sala de aula. Se te virem mexendo no celular, você é expulso. Em algumas aulas se o celular tocar você também é expulso ou obrigado a contar uma piada ou cantar. De maneira geral, são regras aceitáveis. Eles querem que você veja as aulas como uma reunião de emprego. Você comeria durante uma reunião de 1h15? Sairia pra ir ao banheiro enquanto alguém está apresentando as idéias? Faltaria sem avisar previamente? Ficaria mandando mensagem de texto pelo celular? Com certeza não.
- As regras variam um pouco de um professor pra outro. O mais rígido é o de Capital Markets. Durante os dez primeiros minutos de aula, esse professor faz perguntas sobre as principais matérias do Financial Times daquele dia. Nessa matéria você não levanta o braço pra participar, o professor faz ‘cold calls’, o que significa chamar qualquer pessoa pra responder. Se você não souber responder por que não leu o jornal, vai pra fora de sala. Se você mexer no jornal ou deixar o jornal à vista, você é expulso de sala também. Durante essa aula meu coração fica batendo forte durante 1h15 sem parar. No dia que eu participei da aula, eu suei tanto que cheguei em casa com cecê!
- Para nós brasileiros participar em sala de aula não é algo natural. Discordar e contestar o professor, principalmente pra mim, que fui educada no Santo Agostinho, sempre esteve fora de questão. Então posso dizer que esse tem sido o meu maior desafio. Mas confesso que quando eu consigo participar e falo alguma coisa que gera uma discussão, é um sentimento tão bom. Você sente que contribuiu e que enriqueceu a aula. Você se sente poderoso.

Tem mais um milhão de regras, que eu poderia ficar o dia todo aqui escrevendo sobre elas, mas acho que já deu pra entender mais ou menos o espírito. Eu sou a favor da grande maioria delas e apesar do choque inicial, acho que todos aprendem muito mais e andam muito mais na linha, quando o ambiente é mais rígido. Tudo bem que ninguém aqui é criança, mas um bando de solteiro junto em Barcelona, se não fosse assim ia estar todo mundo levando nas coxas. A IEXE peca em alguns pontos. Por exemplo, não estimula o trabalho em equipe e a colaboração entre os alunos. Mas é aí que entram os alunos. Durante os 50 anos da IEXE, os alunos entenderam que eles nunca iriam mudar as regras, então eles inventaram várias tradições para tentar compensar esse ambiente super sério. E eles conseguiram! Já fomos apresentados a quase todas:

- BOW (Bar of the week): Toda quinta feira o comitê que organizar o BOW manda um email pros alunos dizendo onde será o bar dessa semana e todos os alunos do primeiro e segundo ano se encontram lá. Eu confesso que não dou muita bola pra esse negócio não. Fui uma vez e achei um saco. Somos mais de 400 alunos, então qualquer bar que a gente vá, lota. E qual a graça de ficar num bar lotado, no meio da semana, cheia de coisa pra estudar, com as mesmas pessoas que eu passo o dia todo junto?
- COW (Comments of the week): Toda sexta feira o vencedor da vaquinha de pelúcia da semana anterior, faz uma apresentação de PowerPoint com todos os cinco comentários mais engraçados que foram feitos pelos alunos durante a semana. A turma vota e o eleito recebe a vaquinha de pelúcia e fica responsável por anotar os melhores comentários e fazer a apresentação na próxima sexta e assim por diante. É bem engraçado e descontrai bastante as aulas, porque pelo menos eles encontraram outra coisa pra competir.
- Annual Bar Crawl: É uma competição (claro) entre os grupos de estudo. Cada section recebe um tema e cada grupo recebe um trajeto. No dia estipulado o seu grupo deve aparecer fantasiado com o tema escolhido pra sua section e ir a todos os bares na ordem que está no seu trajeto. Em cada bar, há provas valendo ponto (claro que todas envolvendo bebidas) e no final do trajeto todos se encontram numa festa, onde o vencedor é anunciado. O nosso bar crawl foi nessa sexta. O tema da minha turma era cowboys e cowgirls. Da turma A era super heróis e da turma C era esportes. Foi com certeza o dia mais divertido até hoje. O pessoal se dedicou muito nas fantasias e as brincadeiras nos bares também foram ótimas. O mais engraçado era que no caminho de um bar pro outro, os grupos se encontravam e era a coisa mais surreal do mundo. Fico imaginando o que as pessoas na rua pensavam quando viam um grupo de bêbados vestidos de cowboys encontrando com outro grupo de bêbados vestidos de vacas. Maravilhoso. Só vendo as fotos pra entender
!




Esse é o meu grupo B9, que não venceu o Bar Crawl, mas é o melhor grupo disparado! Pra quem quiser ver mais, é só clicar na foto.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Saldo Positivo

Até agora, o saldo é:

Roupas estragadas pela máquina de lavar: 1
Copos quebrados: 2
Plantas mortas: 0
Objetos de decoração "acidentalmente" quebrados: 1
Visitas vindas do Brasil: 8
Baratas encontradas e devidamente assasinadas: 4 (!!!!!)

domingo, 5 de outubro de 2008

O fantástico Hotel Lopes & Seivalos – impressões de um visitante atípico

Primeiramente devo confidenciar que nunca escrevi para um blog, jamais tive um e há pouco tempo atrás desconhecia tal conceito. A modernidade tecnológica sofre metamorfoses tão constantes que somente a inserção de chips cerebrais parece solucionar tais eventos.

Convivi por quase um mês com a Marcelle, sou primo da Bia, estou morando em Barcelona, me entendo como um pouco de tudo e muito de nada, mas em uma definição padrão diria que minha profissão é a de Chef de cozinha e nas horas vagas filósofo, poeta, comentarista esportivo, fanfarrão, revolucionário encubado, advogado de si mesmo, crítico de política internacional, desvendador dos segredos do universo e por fim louco medicado.

Ao fim de minha odisséia no Hotel Lopes & Seivalos a Marcelle perguntou se eu não gostaria de escrever sobre esta experiência em seu blog, abaixo segue minha contribuição.

(As partes em itálicos são observações da Marcelle)

O fantástico Hotel Lopes & Seivalos – impressões de um visitante atípico

O relógio marcava por volta de quatro da tarde quando finalmente cheguei a este albergue familiar. Era o dia 14 de agosto e minha saga de 22 dias estava apenas no início. Depois de uma viagem de 36 horas, duas malas perdidas, não mais possuía o endereço de onde seria minha temporária moradia e o telefone da Bia obviamente estava anotado com uma falta de números… normal para os padrões de um bom perrengueiro. Assim como Deus ajuda os bêbados, agracia com essa mesma força os que não possuem destino. Por fazer parte de ambos os grupos toquei a campainha do apartamento naquele fim de tarde que ainda oferecia fortes raios solares de fim de verão.

M & B chegaram a Barcelona há quase quatro meses para seus respectivos MBA’s. Posso dizer que já são “minhocas” da cidade, a Marcelle possui um GPS em seu Celular Tamagoshi e a Bia se vira bem com seu mini-mapa e seguindo seus instintos na busca dos locais, quando o mesmo não funciona uma ligação para mamãe Marcelle soluciona o problema.


O apartamento também é conhecido pelos colegas de curso como maternidade, hospital e centro de alta culinária. O kit de sobrevivência das duas é diversificado, no da Bia o mais importante sem dúvida é a cerveja quase congelante. Já o da Marcelle inclui um kit de primeiro socorros dignos de observação: se o mundo entrasse em colapso sob um ataque nuclear poucos sobreviveriam é certo, aqueles que estivessem sob abrigo subterrâneo teriam mais chances, assim como os que estivessem perto da Marcelle e de sua farmácia portátil.

Outro dia em uma de nossas conversas de cigarro na varanda ela solta com espontaneidade: “nossa, passei na frente do Hospital hoje, ele é tão bonito…”, claro que nestes momentos não me seguro e a seqüência de pilhas nasce com naturalidade. Não é difícil concluir que os amigos de curso adoentados buscam auxílio a ela, ás más línguas já diziam que estava prescrevendo receitas médicas, seguidas de conselhos de repouso, alimentação moderada e etc.

Falar de tudo isso sem citar a vida noturna da cidade seria uma blasfêmia, até porque nossa amiga Marcelle tem uma lista VIP no conhecidíssimo Budah Bar, local que tive a chance de conhecer uma vez e ser barrado nas outras duas (os leões de chácara de Barcelona não gostam muito do meu estilo de se vestir).

Talvez uma das cenas mais engraçadas que presenciei foi a escolha dos “targets” de cada uma para os próximos 2 anos de curso. Sei que os mais inocentes devem estar pensando que elas se reúnem para discutir teorias financeiras mercadológicas, bem…. não exatamente. No primeiro dia do curso foram agraciadas com um “book” de fotos de todos os alunos, então verifiquei as duas revendo fotos de carinhas que eram gatos, barangos, pegáveis e os dignos de casamento com véu e grinalda. Dividiram as mulheres em categorias: caídas, mesmo nível e tops. Fizeram a matemática de quantas tops pegariam os mais gatos, quantos sobrariam para porradaria da meiuca, elegeram alvos possíveis, intangíveis e começaram a rever os conceitos dos barangos… Desnecessário a afirmação de que uma tarde inteira foi gasta nessa importante tese que por sua delicadeza mereceria um filme. (Em minha defesa, nós estávamos usando as técnicas de probablidade que eu aprendi na aula de Decision Analysis.)

Falando em filmes, certa noite Marcelle chega a casa com uma película dos irmãos Cohen que no momento me foge a memória, parecia interessante, por isso me fiz presente a sessão.
Como a Bia já tinha visto o mesmo eu e a blogueira éramos a totalidade da audiência. Após duas horas a trama termina, mas para nosso espanto não tínhamos entendido bulhufas da mensagem. Eu, conformado com minha burrice fui até a varanda confabular com um cigarro, enquanto Marcelle aparentemente havia desaparecido. (O filme era "Onde os fracos não tem vez".)


Após um longo intervalo de tempo, no qual já vislumbrava outras questões, Marcelle como num passe de mágica invade meus pensamentos e começa a explicar todo o filme, as reviravoltas, os motivos ,as teorias… enfim, ela tinha ido a internet, visto sites de discussão sobre o filme, posts, declarações do autor…, ou seja, não sossegaria enquanto não houvesse uma resposta plausível.

Plausível somente não é a mania de fumar um cigarro que não é produzido em nenhum lugar do mundo que não o Brasil. Os fumantes da platéia entenderão melhor esse “subject”. Dentre os piores cigarros produzidos no mundo existe um cujo nome é Free Light. Um tabaco de qualidade questionável seguido por um duplo filtro que impede a fumaça de chegar a seus pulmões. É como querer fumar desesperadamente, tragar com força o cigarro e vir apenas uma fração de fumaça. O cigarro logo se transforma em decepção. Pois que já tentei convencê-la a aderir a novas marcas, mas ela segue obrigando todos seus amigos vindos do Brasil a trazer pacotes e mais pacotes desse mal. Mas como dizia um amigo meu: “cada maluco em seu quadrado…”.

Muito me estenderia, pois resumismos não são uma qualidade presente no que vos escreve, mas em respeito ao tempo e o espaço findo minhas palavras. Tem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras MASTERCARD, Marcelle e Bia deveriam se associar a rede de cartões, alugar a sala e vender simpatia, antes do fim do curso estariam ricas e bem casadas. (Ricas estaremos com certeza, agora o bem casada é que tá difícil!!)

Esse é o meu relato.

Paulinho.

sábado, 4 de outubro de 2008

Stay Tuned

O Paulinho, primo da Bia, decidiu vir pra Barcelona de mala e cuia pra morar aqui. (Na verdade só de cuia porque as malas nunca chegaram). Enquanto ele procurava um lugar pra morar, ele ficou um tempo hospedado na nossa casa. Quando ele foi embora, eu pedi que ele escrevesse um post pra eu colocar aqui no Blog, contando sobre a 'experiência' de morar com a gente.

Então próximo post é de autoria do Paulinho.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Secret Lover?

Eu tenho quatro aulas de 1h15 por dia. Normalmente chego às 8h15 na IESE, encontro o meu grupo e discutimos sobre os cases do dia. Às 9h45 começa a primeira aula. Depois de 1h e 15m, intervalo. Às 11h15 começa a segunda aula. Depois, intervalo pro almoço que dura 1h e meia. A terceira aula começa às 14h. Intervalo. Espanhol às 15h30. Às 17h acaba. Chego em casa entre 17h30 e 18h (vai depender se consigo uma bicicleta ou se tenho que esperar o ônibus). Converso um pouco com a Bia, lavo uma louça ou faço alguma tarefa doméstica. Tomo um banho e começo a ler os cases pro dia seguinte. Nesse meio termo, eu cozinho, ou a Bia cozinha, ou comemos qualquer congelado. Termino de ler, resolvo os cases, leio os jornais econômicos do Brasil e alguns do mundo, me atualizo das noticias dos amigos, respondo emails e vou dormir 1h da manhã mais ou menos.

Hoje eu tive aula de Financial Accounting e Capital Market na parte da manhã. Tudo caminhava exatamente com o esperado no dia de hoje. Fui pro almoço e deixei a minha mochila e meu fichário na mesa, como eu sempre faço todos os dias. Fui pro refeitório, furei a fila e comi com os amiguinhos, como eu faço todos os dias. Fumei meu cigarro, escovei os meus dentes e voltei pra sala antes do professor chegar, como eu sempre faço todos os dias. O professor entra, rolam os protocolos inicias e abro o meu fichário para começar a aula e algo que não acontece todos os dias aconteceu. Alguém tinha deixado um bilhete dentro do meu fichário durante o intervalo. Um bilhete que dizia “I want you!!!” (assim mesmo como eu escrevi, com 3 exclamações!!!).

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Suzy Rego Nerd


Nos primeiros meses aqui em Barcelona, o cabelo da Bia viveu um momento de transformação. Eu sempre dizia que provavelmente o shampoo baratinho que ela comprou era o responsável pelos cachos. Mas a menina é uma zura da melhor qualidade. Agora que ela compra L’Oréal parece que tudo voltou ao normal. Bom, pelo menos no que diz respeito ao cabelo. Porque depois da crise do cabelo enrolado, a Bia vive uma nova crise de identidade. A Bia agora é NERD! Ela não queria que eu escrevesse sobre isso no blog, porque como ela mesma diz “ela tem uma reputação a zelar”. Mas eu escrevo isso sim, com muito orgulho, porque ela sempre me sacaneou que eu era a nerd. Mas adivinha quem sonha com a escolinha todas as noites? Outro dia ela chegou ao cumulo de sonhar que estava fazendo uma prova de economia. Daí ela acordou no meio do sonho e quis voltar a dormir só pra sentir novamente o prazer de saber resolver todas as questões.

Bom, o post hoje é dedicado a roomie porque ela tá toda feliz que acabaram os pre-courses dela e ela passou em tudo! Além disso, hoje ela tá indo viajar e vai me deixar aqui sozinha por quatro dias.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Peace be with you

Hoje teve uma missa na IESE pra celebrar o início do ano acadêmico. Foi a primeira missa em inglês que eu assisti na vida e devo dizer que eu entendi muito mais hoje das palavras do padre do que em qualquer outra missa que eu já fui. Acho que o inglês é mais democrático nesse sentido. Quando a igreja católica usa um vocabulário arcaico e rebuscado, ela afasta grande parte da população brasileira. Se eu que tenho alguma educação, tenho dificuldade em entender certas partes da Bíblia, imagina o resto. Enfim, pensei sobre isso depois da missa. De qualquer forma, me sinto agora com mais força pra começar enfim as aulas de verdade.

domingo, 28 de setembro de 2008

Culture Shock

Um assunto muito recorrente nas mesas de bar e nas aulas de espanhol é a diferença cultural entre os países. Com tanta gente de nacionalidades diferentes é óbvio que o choque cultural é enorme. Na maioria das vezes, as diferenças são divertidas e eu aprendo muito sobre o mundo com elas, mas outras vezes elas irritam um pouco e se tornam um pouco difícil lidar. Exemplos não faltam, difícil é lembrar todos, mas eu vou tentar.

Jinjoo é da Corea e no nosso primeiro mês aqui, ela fez um jantar coreano pros primeiros classmates que já estavam em Barcelona. Ela marcou o jantar pras 19h. Era julho e nessa época às 19h fazia um sol de rachar. Então resolvi chegar às 20h que julguei ser uma boa hora. Quem consegue jantar com um sol daqueles? Bom, quando eu cheguei lá, a comida já estava na mesa e todos estavam me esperando pra começar a comer. Fiquei um pouco sem graça, mas é de conhecimento internacional que os brasileiros estão sempre atrasados, então todo mundo levou super na boa. Mas o choque cultural aconteceu mesmo quando Jinjoo decide servir os nossos pratos e eu recebo um prato cheio de coisa que eu não fazia idéia do que era. A Bia encontrou logo um lixo pra disfarçadamente jogar tudo fora. Eu, sentada do lado da anfitriã, tive que comer tudinho. Certo momento, depois de uma garfada numa coisa vermelha, eu começo a suar frio, minha boca começa a arder muito, minha língua ficou anestesiada. O amigo sentado do meu outro lado, percebendo o desespero na minha cara, me dá um copo com uma bebida branca que parecia um leite. Viro o copo todo, tentando acabar com a minha agonia antes que todos percebessem. E foi nesse momento que eu quase vomitei na amiguinha anfitriã.

No Japão as pessoas colocam no CV se elas podem beber ou não. É isso mesmo. Beber é uma vantagem competitiva lá. Significa que você pode participar de reuniões com gerentes, onde aparentemente sempre tem bebida alcoólica envolvida. E, se por um acaso, um funcionário que não bebe tiver que participar de uma dessas reuniões, ele é obrigado a beber, porque o contrário seria uma falta de respeito. Inclusive os japoneses me contaram que quando você é contratado pela empresa e você diz que não pode beber, eles te dão uma cartilha com dicas de como fingir que você bebeu e manter a tradição do brinde.

A Bia tem um classmate da Nigéria. No primeiro jantar com a turma toda da Bia, o nigeriano estava sentado do lado dela. Diz a Bia que durante o jantar, enquanto ela estava temperando a salada, o nigeriano pergunta: “O que é isso?”. A Bia responde “Azeite, vinagre e sal”. E o amiguinho pergunta: “E pra que serve isso?”. O cara nunca tinha visto azeite na vida!

Brasileiro é uma paixão internacional. Só de dizer que você é brasileiro, a simpatia é automática. Quando eu digo que sou do Rio de Janeiro então, ai nem se fala. Existe um livro chamado “How to be a carioca” que faz mais sucesso do que eu imaginava. É interessante ver como a fama dos cariocas de malandro relaxado se espalhou pelo mundo. A galera aqui sempre me pede pra ensinar uma nova palavra tipicamente carioca pra eles. A palavra, em português, mais falada pelos gringos da minha sala é “cú de foca”. O Noah, o mais aficionado pelo Rio, toda vez que conhece algum brasileiro, fala “e ai, beleza? Cú de foca!” A gente já explicou que essa é uma expressão que só os amigos da Bia falam quando eles querem dizer que a cerveja está muito gelada, mas ele adora de qualquer forma. Quando eu fiz um jantar aqui em casa, o Noah chegou meia hora antes da hora que eu tinha marcado. Quando eu abri a porta eu disse pra ele “Chegando meia hora antes, você nunca vai ser um carioca! Tem que chegar pelo menos uma hora atrasado! Pulou o capítulo 2 do livro?”. Realmente tem um capítulo no livro que fala dos atrasos, é muito engraçado.


Uma grande surpresa foi saber que o mundo ficou chocado com a morte do grupo “Mamonas Assassinas”. Mais de uma pessoa já veio comentar comigo sobre isso.


Recadinhos:

Tia Arlete, amei a santinha que você me mandou! Ela é linda. Se depender dos santos, a minha vida aqui em Barcelona será só de felicidades! Muito Obrigada!

Mel, vem logo visitar a gente! Mas antes de chegar, avisa assim com duas semanas de antecedência, porque o Fabio precisa comprar lençóis decentes! Eu tentei convencê-lo, mas sabe como é homem, né? Pelo menos ele concordou que quando você vier, ele vai fazer esse investimento!


Julinha e Carol, prometo que essa semana respondo os emails!!

domingo, 21 de setembro de 2008

Mixed News

Eu demoro a escrever no blog porque fico pensando em temas e coisas engraçadas do mesmo assunto pra postar junto, mas acaba que me esqueço ou não rola e as notícias se perdem. Então hoje vou escrever todas as novidades misturadas mesmo e desculpa por não ter uma linha de raciocínio lógico, mas como todo mundo me pede atualizações mais freqüentes essa é a única forma.

- Todas as escolas de Barcelona voltaram às aulas essa semana e aparentemente todas as escolas da cidade estão em Pedralbes. Antes era uma delícia ir pra faculdade de metro e ônibus, agora já não é mais divertido. Os transportes estão lotados, engarrafamento pra todo o lado, ou seja, estamos acordando mais cedo do que o normal e a idéia de comprar uma moto já não parecia tão improvável. Na volta pra casa tem sido mais tranqüilo porque eu volto de bicicleta. Aqui em Barcelona tem um sistema chamado bicing, que são vários bicicletários espalhados pela cidade. Você pode pegar uma bicicleta em um desses pontos e largar em outro ponto qualquer. A primeira meia hora com a bicicleta é de graça e a partir daí cada meia hora custa 0,30 centavos. Você paga 20 euros por ano pra se matricular. O único risco é que se a bicicleta não for devolvida em 24 horas, você tem que pagar 150 euros. O bicing é ótimo pra curtas distâncias. Mas não se engane eu não virei uma pessoa saudável. Eu só desço a ladeira. Durante todo o trajeto eu devo dar umas duas pedaladas apenas. Hoje o Naresh e o Fabio tentando me convencer a comprar uma moto e acabar com a minha falta de independência, me deram a primeira aula de como andar em uma moto e devo dizer, agora com mais propriedade, que eu não nasci pra esse meio de transporte, assim como eu e os cavalos não somos do mesmo planeta.

- Os meus precourses acabaram e o intensivo de espanhol também. Os meus precourses foram bem básicos e sem nenhuma cobrança. Só tive prova no espanhol e se eu não quisesse ir nas aulas, problema meu. Para aqueles que já tinham visto accounting e estatística alguma vez na vida, aquilo tudo foi uma grande perda de tempo. Então eu não tive muita dificuldade em acompanhar. Mas pra coitadinha da Bia, os precourses estão sendo muito diferentes. Ela já tem prova e eles estão jogando a matéria nos pobrezinhos que nunca viram isso na vida, como a Bia. Eu sempre tento acalmar ela dizendo que se está sendo difícil pra ela, imagina pro padre que está na sala dela. (Ela tem um classmate que é padre!!) Tudo bem que ele tem o divino espírito santo do lado dele, mas aqui entre nós todo mundo sabe que os deuses lá de cima não entendem muito de probabilidade, né? Bom, no quesito espanhol eu estou indo muito bem. Já estou no nível 10 e são 12 no total. Às vezes fico um pouco frustrada por cometer sempre os mesmos erros, mas pelo menos agora eu já identifico o que é realmente espanhol e o que não é. Muita coisa sai automaticamente porque está enraizado na minha cabeça. Não é igual aos japoneses, por exemplo. Ou eles sabem ou eles não sabem. Não é como a gente que fica sempre tentando usar o nosso vocabulário com um sotaque espanhol.

- Essa estória de misturar as línguas dá muito pano pra manga por aqui. Hoje eu estava rindo das anotações da Bia. Até tirei uma foto pra mostrar pra vocês como é difícil estudar em uma língua diferente. “Mas só vai record revenues at the end? Usually yes, but what to do with costs no decorrer de todo o tempo?” Eu espero que com o tempo o inglês fique mais fluente e a gente fique usando só ele nas aulas. Por enquanto, eu ainda escuto a aula traduzindo na minha cabeça e fazendo as anotações em português. Claro que eu perco alguns segundos do que o professor está falando, mas ta dando pra levar. Inclusive o inglês merece um capítulo a parte.


- Meu inglês é ok. Ele é bom, mas estava longe de ser fluente. Principalmente por que eu nunca estive em uma situação que eu precisasse falar inglês diariamente. Então claro que eu cometo muitos erros e que preciso usar body language muitas vezes pra conseguir encontrar a palavra que eu quero. Graças a Deus as nacionalidades que tem inglês como primeira língua são muito boas de dedução e nos ensinam muito. Mas óbvio que eu já me meti em muita situação engraçada por causa disso. A primeira grande besteira foi quando eu me referia a minha festa de despedida eu dizia “get away party” e o certo é “going away party”. Mas a melhor besteira foi ontem. Eu fui com os meninos fazer compras pro apartamento deles na Ikea. O Fabio decide que precisa comprar uma planta pro quarto dele e diz que talvez um bonsai fosse uma boa idéia. Quem me conhece sabe que eu e os bonsais tivemos uma relação muito próxima no passado. Pois bem, decido começar a contar esse capítulo da minha vida pros amiguinhos. Em dado momento eu digo que o meu bonsai estava fadado à morte e que eu não tinha muito que fazer pra salvá-lo. Daí eu explico que o meu Bonsai tinha sido cultivado com “asteroids” só pra parecer velho e que a vida de um Bonsai criado dessa forma era curta. E ai os amigos muito impressionados com a minha estória surreal, começam a considerar que eu pudesse estar realmente falando de asteróides ao invés de esteróides. Enfim, uma confusão só!! O bom é que conforme o meu inglês vai ficando melhor a minha personalidade vai aparecendo. Fazer piada, ser irônica e engraçada em outra língua são os maiores desafios. E eu já estou me sentindo mais a vontade pra espalhar pelo mundo as aventuras de Marcelle e, claro, as aventuras de Jesus. Outro dia eu disse “What is a fart if you are already in shit*.” Hahaha Essa já entrou pro meu livro de frases.

- Pra chegar à praia, eu tenho duas opções: mudar de linha de metro duas vezes, começando pela linha verde, depois mudar pra vermelha e depois finalmente pra amarela; ou pegar um ônibus. De metro eu levo uns 40 minutos e ando um bocado entre as estações e de ônibus eu levo 1h15, mas vou sentadinha. Ou seja, é como se eu morasse depois da linha amarela. E se quando eu morava praticamente em frente à praia, eu ia à praia uma vez por ano, agora eu não vou nunca.


* Adaptação da frase maravilhosa da minha querida amiga Marcinha: "O que é um peido pra quem tá cagado".

sábado, 13 de setembro de 2008

Torre de Babel

Coloque 55 nacionalidades diferentes numa sala de aula apertada durante 8 horas diárias. Qual o resultado? Uma mistura de vírus de todos os continentes e, conseqüentemente, um monte de gente doente. Os americanos provaram ter o sistema imunológico mais fraco do mundo, porque eles foram os que mais ficaram doentes e alguns deles até ficaram de cama por mais de uma semana. Eu achei que estava bem. Pô Brasil tem tudo que é tipo de vírus e bactérias né? Fala sério, eu resisti a dengue, resisto a qualquer coisa! É, eu estava errada. To aqui de cama, em pleno feriado*. Ainda bem que eu trouxe a minha caixa de remédio e vou ficar boa rapidinha. A questão é: será que meus remédios têm chance contra os vírus da Índia? Sem nenhum preconceito, mas eu tenho certeza que é de lá que veio o meu vírus! ;)


* O feriado foi no dia 11 de setembro. Nesse dia, a Catalunha comemora ‘La Diada’, dia em que a Catalunha se tornou parte da Espanha. Nesse dia em 1714, durante a guerra da sucessão espanhola, a Catalunha perdeu uma batalha e deixou de ser uma nação soberana, perdendo todas as suas leis próprias, incluindo o direito de usar a sua própria língua. Com o tempo, eles conseguiram resgatar o catalão e outras coisas, mas ainda não são independentes como eles gostariam de ser. Acho muito interessante essa história, porque ela fala muito da cultura catalã. Não é louco ter um feriado para comemorar uma batalha perdida? Mas eles encaram esse dia como um dia de reivindicação dos direitos, de orgulho e quem sabe até de esperança de resgatar sua independência.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

As outras eram manjericão



Se o Manjericão é caro, a gente planta!
O Cactus quem deu foi a Joana, amiga da Fê, que ficou com a gente uns dias. Planta perfeita para pessoas como eu e a Bia, que temos uma conexão enorme com as plantinhas. Mas com o manjericão é diferente, ele é um investimento. ;)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mías Targetas


Meu cartão da IESE, do plano de saúde, do Banco Caja Madrid e minha identidade espanhola. No meio é o cartão para eu colocar na minha frente durante as aulas para que todos saibam o meu nome. Aqui eu sou Lopes, no Brasil eu sou Iglesias.

Hoje dividiram os 235 alunos em três sections. Eu sabia que na Section C eu não estava, porque essa é só para fluentes em espanhol, então me restava a A e a B. Fiquei na B e junto comigo ficaram todos os amigos mais chegados. Tô muito feliz! Dizem que a letra B significa Best, então... hehehe Lógico que a galera da section A, diz que A é de Awesome. Ou seja, a competição já começou! :)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Y las clases empezaran

Sai de casa uma hora antes da aula começar, porque essa historia de pegar transporte coletivo é meio imprevisível e eu não queria chegar atrasada no meu primeiro dia. Entrei na estação do metro em frente a minha casa e fui em direção a Zona Universitária até o ponto final. De lá peguei o mini onibus que me leva pra cima da montanha e me deixa em frente a IESE. Cheguei na faculdade meia hora adiantada. Entrei no auditório e só tinham uns dez asiáticos (lógico). Sentei na segunda fila do lado do amigo asiático viadinho, que é muito engraçado e era o único que eu sabia pronunciar o nome. Aos poucos as pessoas foram chegando e sempre que elas entravam no auditório, você podia notar os olhos desesperados procurando um rosto familiar. Na maioria das vezes, o rosto familiar era o meu e eles vinham na minha direção, me cumprimentavam e iam sentar em algum lugar longe da segunda fila. Em 20 minutos quase todos os 235 alunos estavam no auditório. Todos aqueles rostos que durante meses eram apenas fotos no facebook estavam tomando corpo. Os outros brasileiros sentaram do meu lado, todos juntos, como uma reação ao desconforto que aquele lugar cheio de gente de todos os lugares do mundo trazia. Eu estava me sentindo meio uma pop star, porque todos os quase 60 alunos, que eu conhecia, vieram falar comigo e eu podia ver o estranhamento na cara daqueles que estavam vendo classmates pela primeira vez. O diretor do curso fez o welcome em 15 minutos e, em seguida, as provas orais e escritas de espanhol começaram. Depois das provas, começaram palestras sobre todas as coisas que devíamos fazer agora antes das aulas começarem, do tipo: alugar apartamento, correr atrás dos documentos de estudante, comprar um celular, comprar internet, TV a cabo e telefone, etc etc etc. Eu, como já tinha feito tudo isso, fui pra casa. Mais tarde começou um alvoroço no meu blackberry (todos os alunos tem blackberrys e todo mundo se comunica por IM) porque todo mundo recebeu por e-mail o nível de espanhol que tinha ficado e estava todo mundo curioso pra saber quem estava na sala de quem. Eu fiquei no oitavo nível e são doze no total. Fiquei super feliz, porque vou conseguir acabar o espanhol já nos primeiros meses, mas os amigos mais próximos ficaram no nível seis.

Segundo dia o transporte público já não me ajudou muito. Quando eu estava passando na roleta do metro, um trem chegou e eu não consegui pegar. Outro trem só dali a 8 minutos. Cheguei meio que atrasada, mas estavam todos perdidos pelo campus procurando as suas salas. Na minha sala tem dez alunos: dois portugueses, dois japoneses, uma koreana, uma holandesa, o Apolo e outros dois rapazes do mesmo nível que ele. Acho que só assim mesmo pra eu conseguir aturar as sete horas e meia de espanhol por dia, incluindo sábado. A matéria é dada super corrida e é um pouco difícil de acompanhar. Quarta que vem eu já tenho prova. Durante os intervalos, me senti um pouco frustrada porque sinto como se nunca fosse conseguir conhecer todos os alunos e muito menos saber todos os nomes. Não para de aparecer rostos novos para mim e eu que pensava que já conhecia a maioria. A volta pra casa é mais cansativa, porque o ônibus demora uns vinte minutos pra passar no ponto e pegar ônibus é um saco. Mas apesar do cansaço, to feliz!

Acho que eu não poderia ter tido um início melhor.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Personagens

Algumas das pessoas muito interessantes que conhecemos nesses últimos meses:

Lenira é a nossa nova e muito querida faxineira! (uuuuullllll). Ela veio pra Barcelona dois anos atrás, está noiva, faxina 15 apartamentos por semana e cobra 10 euros a hora. Quando eu perguntei pra ela se o noivo era brasileiro, ela respondeu “Deus me livre, eu vim de tão longe pra casar com um brasileiro? Ta louca?”. Sábia Lenira.

Portuga é um garçom simpático que trabalha num boteco pertinho da nossa casa chamado
Boc@ta.com. Eu gosto de chamar Bogotá.com e a primeira vez que vi achei que era uma lan house, óbvio. O portuga está em Barcelona há menos tempo que eu e toda vez que eu vou lá ele me pede dicas, porque assim como eu, ele também quer estudar. Tadinho...

Ângela é uma brasileira que trabalha no Mercat de Les Corts na barraca dos frutos do mar. Cada bairro aqui em Barcelona tem um mercado desses, que é como o mercado La Boqueria numa versão menor. Eu fui um dia lá tentar comprar camarões sem casca e ela me deu uma lição de meia hora sobre a heresia que seria me vender um camarão sem casca e me deu umas duas receitas de como usar a casca pra fazer um caldo delicioso.

Dieter é um alemão da sala da Bia, gente boa até o último fio de cabelo. Um dia ele tentou me convencer que era muito bom pro meu futuro profissional comprar um nome em japonês. Ele mesmo pagou 40 euros pra conseguir o dele, que até agora foi inútil, mas que ele tem certeza que ainda irá usá-lo muito. Queria ter uma forma de colocar o som do nome dele em japonês, porque é uma das coisas mais engraçadas que já ouvi. Claro que ele nunca conseguiu me convencer a fazer essa loucura, mas pelo menos eu ri disso durante umas quatro horas.


Nota sobre o último post: eu entendo a empolgação de todas as moças, eu estava sentindo a mesma coisa quando eu, bêbada, resolvi divulgar ao mundo meu encantamento pelo rapaz. Mas por enquanto é só isso. Eu estava numa festa, ele chegou, eu o vi, ele olhou pra mim, eu sorri, ele veio na minha direção, nós conversamos e that’s it. Mas é lógico que deixarei todas atualizadas das cenas dos próximos capítulos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Eu só tenho uma coisa a dizer:

Eu encontrei o amor.


(de novo)

domingo, 17 de agosto de 2008

Fotos

Clique aqui.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Here's not Lucy

A primeira vez que tivemos que fazer alguma tarefa doméstica mais pesada foi quando entregamos o apartamento temporário que ficamos nas primeiras semanas. Quando eu digo tarefa doméstica pesada, eu me refiro a fazer faxina, lavar roupa e coisas do tipo. Porque cozinhar e lavar louça já estão na rotina e eu fazia isso no Brasil também, diferente das tarefas domésticas pesadas. Pois bem, dia de entregar o apartamento temporário, Bia e eu colocamos nossa roupa mais suja, compramos alguns produtos de limpeza no chute e fomos pra missão faxina. Com eu já disse aqui, o apartamento tem apenas um cômodo, com uns 50 metros quadrados. Comecei pelo banheiro e a Bia pela sala. Depois de duas horas de geral, nós estávamos no mesmo local. Não, o apartamento não estava assim tão sujo. Sim, nós somos lentas. Óbvio! Eu NUNCA lavei uma latrina na minha vida. E eu não falo isso com orgulho não, só estou contextualizando os leitores para que vocês entendam melhor o tamanho do problema. Mas, como sempre, eu fiz algumas análises sobre a minha personalidade durante essa primeira missão limpeza e cheguei a uma conclusão (bastante conveniente devo dizer): a minha personalidade não me permite fazer faxina. A pessoa que é faxineira precisa ter um desapego e uma falta de perfeccionismo para alcançar um nível ótimo de produtividade que eu mesma não tenho. Juro! Nesse dia da primeira faxina, eu devo ter ficado uns 20 minutos limpando apenas o blindex do banheiro, porque toda hora que eu passava o produto pra limpar vidros e depois o pano, ficavam uns pelinhos do pano ou a marca do líquido pelo caminho e eu começava tudo de novo até que não tivesse marca ou pelo nenhuma. A mesma coisa aconteceu no espelho. Depois levei mais 20 minutos pra limpar os ladrilhos do banheiro, porque eu não conseguia aceitar que aqueles mofinhos entre eles são normais. Esfreguei, esfreguei, esfreguei e depois resolvi fazer uma meditação para exercitar o meu desapego, let it go and move on. Outra coisa irritante também é a quantidade de cabelo que cai da minha cabeça. Eu lá limpando o banheiro e quando eu via um fio no chão, outro na parede, outro na merda do blindex que eu fiquei 20 minutos limpando! Falei pra Bia, aqui na nossa casa, as duas andam de toca o dia todo!

A primeira vez que tivemos que lavar roupa foi preciso pesquisar na internet, ligar pras nossas mães umas duas vezes e muitas horas de deduções. O que determina a quantidade de sabão que vai à máquina? E a quantidade de amaciante? Venish só entra com roupa branca? Uma blusa bege entra na categoria roupa branca ou cor? E se eu tiver uma roupa toda branca com um pequeno bordado, isso significa que ela não é branca? O que caracteriza uma roupa muito suja e pouco suja? O que pode ir à máquina de secar? Como lavar um sutiã?!?! Quanto será que a gente gasta de luz usando as duas máquinas ao mesmo tempo? Eu devia ter feito o curso de empregada doméstica do SENAC antes de ter saído do Brasil. Pelo menos até agora a gente não estragou nada. Mas tem sido difícil.

Mas é interessante perceber a quantidade de lixo que produzimos todos os dias, o quanto de louça nós podemos acumular em poucas horas e a quantidade de poeira que se junta nos lugares menos esperados. Na verdade, pensando bem, não é nada interessante, é um saco! Eu sinto falta da Socorro, minha empregada querida, que não era lá essas coisas, mas na altura do campeonato ela é perfeita! Estamos em busca da nossa Socorro ou Luciana (empregada querida da Bia) na versão espanhola, que seja baratinha, que saiba fazer uma unha e quem sabe uma depilação. Alguém se habilita?

sábado, 9 de agosto de 2008

Meu Pai é Meu Herói!

E quem o conhece sabe que isso não é papo inocente de menina de sete anos. Essa fase já passou. Quando eu tinha sete anos, eu pensava que meu pai era mestre, muito mais que herói. Ele sempre tinha resposta para os meus porquês, sempre tinha solução para todos os problemas e força para fazer qualquer trabalho. Era realmente muito impressionante, principalmente aos olhos de uma menina. Mas com o tempo, eu fui percebendo que nem sempre a resposta que ele me dava era a correta (ele inventava muita coisa), que nem sempre a forma que ele resolvia os problemas era da forma que eu pensava ser ideal e que, na maioria das vezes, a força dele era excessiva e quebrava o que tivesse pela frente. Mas também, com o tempo, eu descobri um vencedor, que supera todas as dificuldades e enfrenta oceanos se preciso for para alcançar seus objetivos; descobri que por debaixo daquela carcaça espanhola, existe muito sentimento; descobri uma criança feliz, que tem sede de viver, curiosidade para descobrir todas as possibilidades do mundo, e não tem medo de arriscar. E, por essas e outras, que ele é o meu herói.

Lógico que também tem a parte dele ser uma das pessoas mais engraçadas e divertidas do mundo, dele ter papo sem fim para toda a eternidade, dele ser meu provador oficial de comidas e sempre achar gostoso (o que é muito importante para a minha confiança, claro), and last but not least, se não fosse por ele, eu jamais estaria vivendo essa experiência maravilhosa aqui do outro lado do oceano.

Deixo aqui para o meu herói uma mensagem de um velejador que, como todos os velejadores, é um sábio:

http://br.youtube.com/watch?v=wFfeolX-Rrg&feature=related

"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".


("Mar sem fim"- Amyr Klink)


Pai, Feliz Dia dos Pais!!

Eu te amo e morro de saudades!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

I need a Wireless HD

É com muito prazer que eu faço o upload do primeiro post usando a internet da minha casa! EeeeEEeee Agora temos telefone, internet wifi e TV a cabo. Voltamos ao mundo civilizado.

Bom, o ritmo deu uma diminuída por aqui por vários motivos: A) Naresh foi embora, B) O dinheiro está acabando, C) Eu estou cansada. E não é frescura, eu estou cansada mesmo. Com toda essa correria de procurar apartamento, ajeitar as nossas coisas, correr atrás do que estava faltando; toda essa montanha russa de emoções, com dias bons, dias ruins, dias muito felizes, dias nostálgicos, dia que tudo dá certo, dia que dá tudo errado; todo esse ritmo frenético de amiguinhos chegando, com a mesma empolgação, fazendo as mesmas perguntas que você já respondeu um milhão de vezes (and still counting...), demandando toda a minha simpatia; aaaaahhhh!!!! É cansativo!

Sem contar que todo dia, eu aprendo em média três nomes diferentes, um mais estranho que o outro, cada um com a sua respectiva nacionalidade, profissão e bairro onde mora aqui em Barcelona. Alguns nomes vêm com mais informação, do tipo: já foi ou não ao Brasil, conhece ou não a fama dos cariocas, sabe ou não dançar, está ou não procurando flatmates, enfim... No mínimo, são nove novos dados no meu HD todo dia. Além disso, eu também aprendo em média três palavras por dia de cada língua que eu tenho contato diário. Inglês, espanhol e catalão. E, eventualmente, querendo ser simpática eu ainda aprendo algumas coisas em alemão, japonês, etc. Ou seja, são mais nove novos dados no meu HD diariamente, dezoito no total. Não há memória que agüente.

Eu venho sentindo muito sono durante o dia. No início eu achei que estava ficando doente, depois eu comecei a pensar que eu estava me adaptando ao hábito espanhol da siesta, mas agora eu acho que o que está acontecendo comigo é o mesmo que acontece com bebês. O cérebro fica cansado de receber tanta novidade e precisa dormir. Faz sentido, né?

Faltam 3 semanas pras aulas começarem. :O

Praqueles que me pediram, segue meu endereço de Barcelona:

Endereço: Carrer de Can bruixa, 4, 5º 1ª. Barcelona – 08028 – España
Telefone de casa: 933 399 410

sábado, 2 de agosto de 2008

Girls Gone Shopping

Nós ficamos duas semanas nesse apartamento temporário que tinha apenas um cômodo, uma cama e um mini edredom. No início eu fazia piadas do tipo “ah se a gente suja a cozinha, automaticamente a gente suja a sala de jantar, a sala de TV e o quarto, né roomie? He-he-he Mas nos últimos dias, eu já não agüentava mais. Principalmente porque se nós cozinhássemos um macarrão, nós teríamos que sentir esse cheiro durante dois dias. (E todo mundo sabe que cheiro de comida na casa é um horror ;) Mas enfim o grande dia chegou e nós nos mudamos. A ginástica com a mala gigante rendeu mais um milhão de risadas, mas graças a Deus o Naresh estava com a gente pra me ajudar.

No dia que assinamos o contrato, descobrimos que o nosso vizinho na verdade é filho da dona do apartamento, Mariza. Mariza é uma senhora de pouco menos de 60 anos, que aparentemente tem muito dinheiro. Ela comprou dois apartamentos, porta com porta, nesse prédio que tem dois apartamentos por andar. Ela deu um para o filho e um para a filha e nós estamos alugando o apartamento da filha, enquanto que o filho, recém-casado, vive no presente da mamãe. Mariza é muito simpática, disse que sentiu uma boa energia da gente, apesar de sermos brasileiras. O ‘apesar’ existe porque aparentemente ela teve uma péssima experiência alugando um dos imóveis dela para um paulista, que fazia festas todos os dias e usava drogas, a ponto da polícia semanalmente ter que bater na porta do infeliz. Então Mariza estava muito preocupada pensando que todos os brasileiros usam drogas e fazem festa todos os dias. Eu respondi pra ela que nem todos são assim, só os paulistas. (Eu adoro fazer essa piada. Sempre que alguém me pergunta ou comenta algo de ruim dos brasileiros, eu acho uma forma de jogar a culpa nos paulistas).

Bom, nosso apartamento é ótimo. Ele fica em Lês Corts, que é um bairro familiar sem muitos restaurantes e bares, mas que tem boas opções de transporte público, muitos mercados e é relativamente perto das nossas escolas. A gente ta meio longe do resto dos amiguinhos, mas acho que quando as aulas começarem, no final de agosto, eu não vou me importar muito com isso. O prédio é relativamente novo, os móveis estão impecáveis, nós temos ar-condicionado central e aquecedor, um banheiro pra cada uma. É puro luxo. Mas os objetos de decoração... MEU DEUS! Parece que a Mariza pegou todos os presentes horrorosos que ela ganhou durante a vida dela toda e largou aqui. Na minha opinião, o campeão é um conjunto de sopeira com seis copinhos. Eles são marrons e em cada item tem a carinha de um cachorro de raças diferentes. A raça da sopeira é um bulldog. O que a Bia mais odiava era a maga com a bola de cristal, um abajur com uma mulher toda negra e a luz fica numa bola branca redonda. Bom, a Bia odiava, assim no passado mesmo, porque logo no primeiro dia a gente resolveu fazer um armário com todas essas coisas horrorosas, esconder tudo lá dentro e colocar uma placa “não abra se você tem problemas do coração”. Pois bem, começamos a esconder tudo. Chegou a hora da maga, a Bia pega a bruxa pelo corpo e ela cai no chão!!! Bateu um desespero momentâneo, mas eu dei uma colada com superbonder e agora a gente só precisa encontrar a Benfica de Barcelona pra comprar a bola de cristal. Nós temos um ano pra isso, acho que vai ser tranqüilo.

Outro aspecto bom do nosso apartamento são os quartos. Os dois são grandes. Eu, voluntariamente, fiquei com o menor sem o banheiro, porque eu achei que a suíte seria mais difícil pra conseguir remanejar os móveis e colocar uma mesa pra estudar como eu queria. A suíte tem uma cama king size que é tipo um elefante branco, sabe? Além disso, eu sou acostumada a atravessar um corredor pra ir ao banheiro e a Bia não. Enfim, assim que nos mudamos, tirei tudo decorativo que tinha no meu quarto, coloquei o gaveteiro dentro do armário, empurrei a cama pro lado, dei uma mesinha de cabeceira pra Bia e tchanan! Lá estava o espaço da minha mesa. Segunda parte, go shopping.

Ikea merece um parágrafo a parte. Eu nunca tinha ido numa loja daquelas e com certeza eu nunca vi nada parecido na minha vida. Eu podia ficar dias andando naquele lugar, eu poderia gastar milhões de euros, é impressionante. Eles têm TUDO que se possa imaginar. Infelizmente, eu não tenho os milhões de euros e nem espaço pra comprar tudo, mas deu pra fazer uma farrinha. Comprei a minha mesa linda, um gaveteiro, um espelho, roupa de cama, toalha e cabides. A Ikea tem um serviço de entrega e montagem, mas eles cobram por isso e leva uns três dias pra você receber as suas coisas. Nós, brasileiras malandras, contratamos uns chicanos que ficam na porta da loja, que além de serem mais baratos, entregam na hora e te levam até a sua casa junto. O único problema foi que nós tivemos que montar a minha mesa e no meio do processo eu comecei a pensar que qualquer quantia que a ikea cobrasse teria valido a pena. Mas até que agora eu to aqui sentadinha com orgulho de mim mesma por ter montado a mesa e a cadeira.

Um momento que também merece um parágrafo a parte: a saga da Bia pra comprar uma TV. Bom, Bia só dorme ou bêbada ou vendo TV. Toda vez que ela vem me explicar o processo hipnótico que a luz da TV, subindo e descendo, faz com ela, eu quase morro de rir. Mas enfim, Bia quer uma TV, não tem espaço no quarto, não pode colocar um racker na parede, as TVs de LCD são caríssimas, o que fazer? Um dia desses fomos ao Carrefour e já na entrada vimos uma promoção, a solução de todos os problemas: uma TV de plasma 20” por uma bagatela. Bia toda feliz vai pedir que o rapazinho da seção de eletrônicos busque uma daquelas pra ela. Ele volta com a triste noticia que as TVs tinham acabado, MAS que no dia seguinte eles provavelmente receberiam mais. No dia seguinte, ela volta. Já de longe ela vê o stand da promoção, no chão apenas uma caixa e em volta várias pessoas olhando e decidindo se levam ou não levam. Bia então começa a correr, decidida a lutar com unhas e dentes por sua TV, ela se aproxima do stand, empurra as pessoas com numa cena de filme em câmera lenta e agarra a caixa da TV. Mas a guerra não tinha acabado, apenas a primeira batalha, porque quando ela tenta levantar a caixa da TV, ela não consegue porque era muito pesada. “E agora? Será que eu largo a caixa aqui e corro pra pegar um carrinho? Mas se eu largar a caixa, alguém com certeza vai pegar!”. Então, ela junta todas as forças que lhe resta (afinal de contas, a nossa heroína correu e empurrou pessoas), levanta a caixa e leva pra seção de móveis de jardim (a mais próxima do stand) e esconde, isso mesmo, esconde a TV debaixo de uma mesa!!!! Corre pra pegar o carrinho e quando ela volta uma senhora estava sentada na mesa, escolhendo moveis pro jardim. hahaha Essa história é muito boa! Ao mesmo tempo que eu queria estar lá pra ver isso, eu sei que se eu estivesse isso tudo não teria acontecido. Acho que é mais engraçado imaginar como foi. Pra terminar, ela saiu vitoriosa do Carrefour com o seu soninho garantido.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Girls Gone Wild

Nas duas primeiras semanas, a única coisa que a gente fez foi ver apartamentos. A gente achou que ia resolver os nossos problemas em uma semana e ia poder curtir um pouco a cidade e quem sabe dar uma viajada pela Europa. Mas acabou que as coisas se enrolaram tanto por aqui com as burocracias de banco e agências imobiliárias que a gente até bem pouco tempo atrás não tinha feito nada além de receber os nossos amiguinhos de sala que marcavam jantares com a gente pra nos conhecer. A Bia já estava ficando até preocupada, porque todo mundo que a gente tinha conhecido até então, bebia uma cerveja durante o jantar e depois pedia la cuenta. Ou seja, ninguém a acompanhava na cerveja e ela já estava perdendo a armadura que ela cultiva há muitos anos. Mas tudo mudou quando a gente soube que o Naresh estava chegando.

Naresh é um americano que eu conheci em Nova York. Um final de semana antes da minha festa de despedida, ele passou alguns dias com a gente no Rio e em Angra. E agora ele veio pra Barcelona pra alugar o apartamento dele e depois vai voltar pros Estados Unidos mais uma vez. Bom, Naresh é do tipo que bebe uísque Johnny Walker Black na night. Ou seja, gosta de uma gastação. Aproveito pra deixar a dica: nunca seja amiga desse tipo, porque o seu destino é a falência. Em Nova York ele só me levou pra lugar top de linha e foi super simpático (e muito conveniente) pagando todos os meus Kir Royals. Quando ele foi pro Rio, eu retribuí toda a gentileza com muito prazer, até porque eu ainda trabalhava com reais nessa época.

Bom, quando soubemos que o Naresh chegava no dia 22, eu e Bia passamos a economizar cada centavo. A gente já está vivendo um momento bem apertado aqui, então quando eu digo ‘economizar cada centavo’, eu me refiro a aproveitamento de alimentos e sobra de refeições passadas, uso de cupons de desconto e coisas do tipo.

Dia 22 :: Naresh chegou e no mesma dia já quis sair. Eu dei a dica pra Bia: se arruma bonitinha que essa historinha que a gente só vai sair pra jantar é bullshit. E não deu outra. Chegamos num bar meia bomba em Grácia (o bairro com a maior quantidade de bar por metro quadrado do mundo), bebemos alguns drinks e eu de cara percebi que aquilo não iria bastar pra ele. Umas duas horas se passaram e ele vidrado no blackberry pesquisando as melhores nights de terça na cidade. Veja bem, TERÇA. Saímos de lá e ele disse que queria só dar uma olhada num bar que tinha ali perto, que o taxi era por conta dele. Eu e Bia estávamos tão distraídas conversando que a gente nem se tocou no que estávamos nos metendo. Chegamos na porta do lugar, rolava uma fila, eu olhei pro letreiro ‘Buda Bar Restaurante’ e pensei “boa, tava com fome mesmo!” (pensamento de gordinha). As pessoas na nossa frente saem todas da fila e vão embora. Na hora achei que elas tivessem desistido ou que o restaurante já tinha fechado, mas antes que eu chegasse a alguma conclusão o segurança me pergunta se eu tenho reserva. Eu disse que não, com a minha inocente confiança. Ele pergunta se eu estou no guest list. E eu respondo que não, já não tão confiante. Começo a entender porque as pessoas saíram da fila. Então, o segurança nos olha de cima a baixo e diz que a gente pode entrar. Só quando eu entrei no lugar a ficha caiu. Nós estávamos na boate mais cara de Barcelona e pra piorar, toda terça-feira lá, é models night. Olho pra Bia com uma cara de desespero porque, independente do dinheiro que eu sabia que iria gastar, só a minha bunda pesava mais do que duas meninas daquelas juntas. Naresh, claro, estava numa felicidade só, foi direto pro bar, trouxe bebida pra todo mundo e ficou dizendo que a gente só conseguiu entrar porque o segurança tinha gostado de mim e da Bia. Veja bem, o Naresh é da minha turma, inteligente, sabe como levantar a moral das duas gordinhas aqui. Com isso, eu e Bia, todas confiantes, fomos pra pista de dança. Levamos uma facada quando chegou a nossa vez de pagar a rodada de bebida, mas até que foi muito divertido. Na saída, Naresh me convenceu a ir falar de novo com o segurança e descobrir uma forma de entrar no guest list todas as noites. Eu, de pilequinho, claro, vou até o segurança mexendo com o meu cordão de um lado para o outro, fazendo quase que uma hipnose em direção ao decote, e digo que sou brasileira (abre algumas portas essa informação), que vou morar dois anos em Barcelona, que foi estudar na IESE (essa informação também) e que vou querer freqüentar muito aquele bar (só se eu ganhar na loteria na verdade) então gostaria de saber o que eu preciso fazer pra entrar no guest list. O segurança me dá o telefone de um tal de Ricardo, que é brasileiro, e que é promoter da casa e que vai me colocar na lista. Então agora Ricardo é a minha ligação com o mundo das nights e eu agora tenho a missão de conseguir uma lista especial para alunos da IESE e da ESADE e, com isso, automaticamente, eu viro a promoter da IESE. Quem sabe assim eu não tenho que pagar pelos meus drinks.

Dia 23 :: Marcamos com todos os alunos da IESE e da ESADE num bar chamado Chupitos. Dizem que esse bar é o point dos alunos das duas faculdades e ele é famoso na cidade por ter mais de 500 tipos de shots, cada um com o nome mais estranho que o outro. O shot mais famoso é um que o garçom coloca fogo na mesa, te dá uns palitos com marshmallow, você queima o marshmallow no fogo, molha no shot, enfia na boca e vira. É interessante. Mas se depender de mim aquele bar não será o meu point não. Barcelona tem mania de bar estreito e comprido, sem lugar pra sentar e com pessoas fumando com ar condicionado ligado. Enfim, saímos de lá com a galera toda e fomos pra outro bar, onde eu pude sentar bonitinha.

Dia 24-25 :: Fizemos nossa mudança*.

Dia 26 :: Inicialmente seria só um jantarzinho no mexicano mais famoso da cidade, Bar Panchito, mas lógico que no final acabamos numa festa de aniversário de uma aluna do 2º ano da ESADE, num bar chamado Ágata. Lá eu conheci a Blanca, que é uma aluna do 2º ano da IESE. Ficamos conversando um tempão e ela me deu várias dicas. Ela falou o quanto o curso é pesado, principalmente nos primeiros meses, e das dificuldades que ela passou. Foi ótimo.

Dia 27 :: Domingo, foi o dia da Shakô! Naresh fez uma reserva pra uma mesa de 10 pessoas e eu pensando comigo que ele iria ficar muito frustrado quando percebesse que não ia essa galera toda. Mas foram! Tirando a Bia e o Dieter (amigo da sala da Bia, um alemão da melhor qualidade), o resto era todo da IESE. Jantamos lá, pedi uma garrafa de Lambrusco (14 euros) só pra mim e papo vai, papo vem, quando me dou conta a night estava rolando solta e a nossa mesa no meio da pista de dança. Vou explicar: até meia noite, o lugar é um restaurante, depois eles vão tirando as mesas, tirando as mesas e as pessoas vão entrando. Lógico que pagamos a conta o quanto antes e nos misturamos. Mais uma noite milionária, cheia de modelos dançando em queijos pra todos os lados. Agora a coisa mais impressionante: nós saímos de lá às 4h da manhã, a parada ainda estava lotada de espanhóis. Madrugada de segunda-feira, minha gente!! Bizarro!

Dia 28 :: Fomos... Uma pausa pra facilitar: toda vez que eu falar no plural eu me refiro a todas as pessoas das duas faculdades que estão em Barcelona. Ou seja, a gente só anda em galera e cada dia o grupo muda. Voltando. Fomos pra um restaurante japonês daqueles que rola uma esteira e as comidinhas ficam passando e você pega tudo o que quiser comer e só paga um preço. Foi divertido. E, graças a Deus, a noite acabou aí, porque o Naresh foi embora no dia seguinte cedo.

Dia 29 :: O Naresh foi embora, mas deixou uma night marcada. Ele contou pra todo mundo da Models Night no Buda Bar e que eu tinha um contato pra entrar no guest list. Então, lá fui eu ligar pro tal do Rodrigo e conseguir colocar o nome da galera no guest list. Missão dada é missão cumprida, como diria o meu primo querido. Liguei pro cara, contei pra ele o quanto as universidades eram caras, a média de idade dos alunos e as nacionalidades, ou seja, descrevi um público-alvo com potencial. Lógico que ele não sabe dos financiamentos e que estamos todos quebrados, então ele ficou todo animado e colocou o meu nome da lista. Marcelle Lopes + convidados ilimitados! E não colocou o meu nome só no Buda Bar, como no after Buda, o Roxy, que é uma night que só começa às 3h da manhã. Ou seja, tirando onda em Barcelona uhu!

Dia 30 :: Ikea Day*!

Clique aqui para ver fotos.

(Foi mal pela demora do post, mas estamos sem internet no apartamento novo, então tenho que ficar roubando a internet do vizinho, o que não é muito simpático, né? Hehehe Principalmente quando o vizinho é o filho da dona do apartamento que você alugou. Mas isso e todos os * ficam pro próximo post.)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

I need a car



"Em Barcelona, 1 em cada 3 mortos em acidentes de trânsito andava a pé! Atenção: ... ". Menor idéia do que está escrito no final!

Mas é certo que os outros dois andavam de moto, sendo assim, eu preciso de um carro. hehehe De verdade eu não preciso não. Aqui seria uma grande dor de cabeça mesmo: com o seguro, carteira de motorista, gasolina, estacionamento. Na verdade, não é nem dor de cabeça, é uma grande despesa e eu não tô podendo colocar mais nada na coluna débito. Mas eu já sinto falta de ter carro, de dirigir pra qualquer lugar, de ser totalmente independente e não precisar ter sempre dinheiro na carteira pra pagar o transporte. Ah sim, porque eu tinha esse hábito no Brasil. Nunca andava com dinheiro na carteira. Já me meti em milhões de enrrascadas por causa disso. Duas vezes já cheguei no pedágio e tive que voltar tudo porque não tinha como pagar. Ah sim, porque eu também não uso cheques. E esse hábito eu estou mantendo aqui, por pura falta de crédito, claro.

Next post: Girls gone wild!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Histórias Engraçadas (Ou não)

Um dia nós estávamos dormindo e dois homens começam a falar muito alto na porta do nosso apartamento temporário. Eles tocam a campainha e eu finjo que não é comigo. Os homens vão embora e eu e Bia ficamos divagando sobre o que aqueles homens poderiam querer. Será que sublocar um apartamento é ilegal e os caras descobriram que a gente ta fazendo isso? Na dúvida decidi nunca abrir a porta pra ninguém. Hoje de manhã eles voltaram e eu não agüentei e abri a porta. Bom o problema é o seguinte: existe um vazamento no apartamento de cima e eles queriam colocar um silicone não sei onde pra não alastrar o problema. E eu lá na porta, com a cara amassada, enrolada numa toalha, usando todos os neurônios do meu cérebro pra entender o que os caras diziam. Resumo da história: Eu e Bia tivemos que ficar mais de um dia sem tomar banho por causa do tal silicone que tinha que secar.

Ganhei um copo de vidro numa promoção no Mc Donalds quando estava em Madrid. Trouxe o copo pra Barcelona, afinal eu aluguei um carro pra carregar as minhas malas, um copo não faria diferença alguma. Cheguei no apartamento temporário e os únicos copos que tinham eram de plástico, possivelmente do bebe que mora na casa. Então comecei a usar meu copo novo. Resumo da história: Acho que já o lavei mais de cem vezes and still counting...

Existe uma empresa de celular aqui em Barcelona que dá descontos pra alunos da IESE e da ESADE. A primeira providencia de um aluno quando chega aqui é comprar um celular, porque essa é a única maneira de conseguir marcar as visitas aos apartamentos com as imobiliárias. A galera que mora na Europa tem vindo pra cá passar uns dias procurando apartamento e depois que acha vai embora tranqüila, porque é muito fácil e barato ir e voltar. Então tem um movimento de alunos enorme vindo e indo nesses últimos dias. Bom, todo mundo que chega vai até a esse empresa de celular e trata com esse tal de Gary. Gary, the phone guy. Acontece que Gary é muito simpático e fica batendo papo com os alunos durante horas sobre a cidade e sobre tudo, até porque ele é o primeiro contato que nós temos quando chegamos aqui. Resumo da história: Todo infeliz que chega na loja do Gary pra comprar um celular, Gary entrega o novo celular já com o meu telefone e o da Bia na memória. Ou seja, eu e Bia somos as hosts de todo aluninho que chega em Barcelona. Eu sei que é o máximo, todo mundo passa a nos conhecer, a Bia adora, mas eu não consigo. Simplesmente não faz parte da minha natureza. Eu não consigo ser simpática todo os dias.

Fechamos o apartamento (yeahhhhh!!!!!). Não é perfeito, mas é super bem localizado, cheio de facilidades em volta, tem dois quartos com cama de casal e dois banheiros. Foi um parto conseguir decidir, mas enfim conseguimos e eu fiquei feliz em ter encerrado esse assunto. O problema é que como não temos avalista, não temos propriedades na cidade e somos estudantes, normalmente os proprietários pedem que a gente coloque na nossa conta bancária local o valor de quatro aluguéis. Esse dinheiro fica bloqueado pelo banco durante o período todo do contrato, ou seja, um ano, como garantia caso a gente fuja e não pague nenhuma conta de luz ou água ou quebre o apartamento todo. Resumo da história: É tanto dinheiro que terei que ficar presa no apartamento sem gastar um centavo até que as aulas comecem.

Hoje decidi fazer um empadão de frango. Quando cheguei do mercado, disse pra Bia: “você fica responsável pelo frango, ta? Preciso dele desfiadinho.” A Bia toda feliz com a tarefa pergunta: “Que eu faço primeiro? Cozinho ou desfio?”. Eu literalmente chorei de tanto rir. Devia ter deixado ela tentar desfiar o frango cru, teria sido ainda mais engraçado.


Vista do nosso apartamento in Les Corts.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Jo estoy a little confusa

Ontem, eu e Bia estávamos almoçando com o David, amigo da IESE.
David é americano e a gente estava conversando em inglês o tempo todo.
O garçom chega e eu faço o pedido em espanhol.
Garçom responde em catalão.
Bia me faz uma pergunta em português.
Respondo a ela em português.
Continuamos a conversa em inglês.
O garçom volta e pergunta: “finito?”, que eu tenho quase certeza que é italiano.

Praticamente poliglotas. :)



Comendo 1kg de lagostins com a mão!!! Hummmm Que delícia!

domingo, 13 de julho de 2008

Já aprendemos que...

- A luz dos banheiros catalães fica na parede do lado de fora do banheiro;
- Catalães não trabalham antes das 4 da tarde. Tente marcar alguma coisa com eles e a pergunta será sempre igual: Pode ser às 4h?
- Se você escolhe ficar na varanda de um bar ou de um restaurante, o preço de qualquer coisa é inflacionado em 0,50 euros porque afinal de contas a garçonete teve que ficar entrando e saindo pra te atender, né?
- 1 ramo de manjericão custa cinco euros;
- O moço do açougue do Corte Inglês usa terno. (E tem que usar mesmo porque um rosbife temperado de 5 kg custa 200 euros!);
- Bia fica enjoadinha quando anda de ônibus. Mas ela vai se curar disso rapidinho;
- A cerveja mais próxima das do Brasil é a Estrella Damm;
- Aqui quando resolve ventar, venta muito. Ainda bem que eu não tenho mais orelhas de abano. E que pena que não temos um veleiro por aqui;
- Mandar uma mensagem de texto pra um amiguinho da mesma operadora de celular que a sua, dentro da Espanha, custa 0,15 euros;
- Não podemos nos deslumbrar com os salários europeus, porque o custo de vida aqui é absurdamente caro;
- Teremos que aprender algumas palavras em catalão. Existe um cartaz na porta do prédio com uma foto de um caminhão do lixo e a palavra dilluns, que a gente desconfia ser o dia da semana que ele passa. Estamos aqui desde segunda e até agora nada, então deve ser domingo, né? Ou não...
- Si us plas é 'por favor' em catalão, gràcies é 'obrigada' e gasolineo pode não ser 'gasolina'. Essa última descoberta quase nos custou o carro alugado;
- A maior adaptação que eu terei que fazer será na minha alimentação: como viver sem carne e manjericão?
- A gente não faz o menor sucesso com os catalães;
- Tem muita gente de nacionalidade estranha acasalando com outra nacionalidade estranha, gerando filhos mais estranhos ainda. Outro dia eu vi uma que parecia uma japa indiana. Veja bem, parecia...
- Os arquitetos europeus não têm o menor respeito pelos moradores e fazem quartos sem janelas, apartamentos sem nenhuma área exterior (como alguém seca roupa?) e esquecem que as pessoas precisam de armários pra guardar os 81 quilos que trouxeram do Brasil!
- Serão dois anos muito divertidos. Porque apesar da Roomy ter vomitado no meu pé, cuspido no meu notebook e afogado a minha câmera na cerveja, ela é uma das pessoas mais engraçadas que eu já conheci.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

By Bus

Hoje pegamos as linhas de ônibus que vão até as nossas faculdades pra tentar entender melhor as regiões e decidir qual bairro é o ideal pra gente. A Bia está super bem servida de linhas de ônibus, já que em frente a ESADE passam umas cinco linhas, enquanto que na IESE tem uma só. E essa linha, 113, é uma linha que só fica dentro de Pedralbes. Ou seja, se eu não morar em Pedralbes, fatalmente terei que pegar duas conduções pra conseguir chegar à faculdade. O que é tranqüilo, considerando que a IESE fica numa montanha e conseguir chegar lá sem ter que subir andando já é uma vantagem. Mas foi engraçado ficar andando de ônibus, procurando as placas de alquiller nos prédios e anotando os números de telefone das imobiliárias pra ligar depois. Quando víamos um prédio maneiro, a gente ficava rezando “alquiller, alquiller”. Ainda não achamos nosso apartamento, mas ainda é cedo. Pelo menos já temos uma noção de onde queremos morar e isso já é um adianto. Quanto às outras burocracias, já tenho um telefone* e já abri uma conta.

Está rolando aqui em Barcelona durante todo o mês de julho um cinema ao ar livre em um castelo em Montjuïc. Nós fomos hoje. O lugar é lindo! Na entrada você recebe esteiras pra estender na grama ou você pode alugar cadeiras. Chegamos em cima da hora do filme, então já não tinha mais cadeiras pra alugar. As esteiras são um pouco desconfortável, mas a idéia é muito boa. As pessoas levam comidas, vinhos e fazem seu pícnic particular, vendo um filminho sob o céu de Barcelona. Uma graça de evento por apenas 4 euros.




* Meu número é 34 695 236 257, mas antes de pensar em me ligar, faça as contas. Aqui são cinco horas a mais.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Madrid

Quase sem dó no coração digo que nossos dias em Madrid acabaram. Mesmo com o calor infernal, com a passeata do orgulho gay*, com as melecas duras e os lábios rachados, Madrid não é culpada pelo meu desdém. Eu tava era muito ansiosa pra chegar em Barcelona logo e começar os trabalhos. Fora que o problema do peso das minhas malas estava me deixando preocupada. Bom, resolvemos então que saía mais barato alugar um carro e ir dirigindo até Barcelona do que pagar o excesso de bagagem pra companhia aérea. Depois de muitos telefonemas pra Ibéria, Hertz, gastando o meu espanhol, alugamos nuestro coche. Peugeot 207, 600 km, 6 horas, 70 fotos. Foi o máximo. Bia dirigiu as 3 primeiras horas e eu as 3 horas seguintes. Passamos pelo Meridiano de Greenwich, achamos lindo o Montserrat e vimos os famosos touros pretos por toda a ‘carreteira’. Valeu a pena.

Chegando em Barcelona, fomos direto pra Pedralbes (bairro das nossas faculdades) e parecíamos duas histéricas gritando e tirando fotos na frente dos prédios da IESE e da ESADE. Depois a missão foi encontrar o apartamento que a gente alugou pro primeiro mês sem ter nenhum mapa em mãos. Mas, eu que sou nascida e criada em Barcelona tinha alguma noção. :) A verdade é que eu e Bia
estamos dando muita sorte com tudo. Amém.




Clique na foto para ver o albúm completo.


* Para as ansiosas que querem ver casamento o quanto antes, só tinha gay em Madrid e todo mundo pensava que eu e Bia éramos um casal.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Partimos

A despedida foi horrível, como esperado. Depois de resolvido provisoriamente o problema do excesso de peso das minhas malas (eu trouxe 81 quilos de tralha), fui embora. Chorei durante quase o vôo todo, exceto nos momentos em que eu estava comendo ou dormindo, que foram poucos infelizmente. Quando o piloto avisou que estávamos chegando em Paris, comecei a ficar muito nervosa e parei de chorar. Fazer escala em Paris não é uma boa idéia quando não se sabe falar nem uma palavra de francês. Mas, como sempre, subestimo a minha inteligente e tudo correu na maior calma. Peguei o avião para Madrid e ai começou a tensão maior. Será que a Bia estaria na saída do meu vôo me esperando? Irmos em vôos diferentes não foi uma boa idéia também. Mas lá estava ela, me enchendo de orgulho, me esperando bonitinha. Foi emocionante. Nesse momento começa a nossa 2ª missão: guardar as malas gigantes e pesadas nos lockers. Quando o amigo do locker olhou a minha mala, eu sabia. Minha mala não ia entrar no armário. Fudeu! Mas como somos brasileiras e não desistimos nunca, eu disse pro amigo "ahhh mas ela TEM que entrar!" e foi um amassa daqui, chuta de lá, bica de cá e ela entrou!! Ainda não estou muito certa se ela vai sair, mas... Missão 2 cumprida!

E assim começou nossos dias em Madrid. Eu já conheço a cidade, Bia não, mas estou sendo uma roomy maneira e acompanhando ela em todos os pontos turísticos novamente. Está muito quente aqui e quando eu digo quente é quente de verdade. O sol parece aquele de meio-dia-no-saara durante o dia todo. Ah porque detalhe: aqui escurece 10h da noite!!! Gente, isso deve fazer mal ao relógio biológico das pessoas!!! Pelo menos não é abafado, então nas sombras a gente tem um descanso.

Ontem fomos para o Rock in Rio Madrid!! Nos enrolamos muito pra chegar lá, porque a Ciudad del Rock fica bem fora de Madrid. Pegamos metrô e depois ônibus. Foi barato, mas nos custou o show da Amy Winehouse. Ela quis entrar antes da hora e fez um show de 1 hora só e nós perdemos. Ficamos arrasadas. Mas nada como uma área vip para nos reanimar. Cerveja, Absolut e tudo mais que vocês possam imaginar de graça all night long!! Gege e Lulu* estavam lá do meu lado, igual a mim, andando pelos vips! Enfim, o aço do papai me rendeu uma posição na high society!! hahaha Alias daddy que orgulho ver aquele mundão de aço que veio da Pavuna diretamente pra ‘oropas’!! Tava tudo muito lindo! E a noite terminou com a Shakira, que dança, canta mesmo e é super simpática com o público. A volta pro hotel foi quase dramática, mas novamente foi barata e conseguimos chegar sãs e salvas!


* Angélica e Luciano Huck.