domingo, 5 de outubro de 2008

O fantástico Hotel Lopes & Seivalos – impressões de um visitante atípico

Primeiramente devo confidenciar que nunca escrevi para um blog, jamais tive um e há pouco tempo atrás desconhecia tal conceito. A modernidade tecnológica sofre metamorfoses tão constantes que somente a inserção de chips cerebrais parece solucionar tais eventos.

Convivi por quase um mês com a Marcelle, sou primo da Bia, estou morando em Barcelona, me entendo como um pouco de tudo e muito de nada, mas em uma definição padrão diria que minha profissão é a de Chef de cozinha e nas horas vagas filósofo, poeta, comentarista esportivo, fanfarrão, revolucionário encubado, advogado de si mesmo, crítico de política internacional, desvendador dos segredos do universo e por fim louco medicado.

Ao fim de minha odisséia no Hotel Lopes & Seivalos a Marcelle perguntou se eu não gostaria de escrever sobre esta experiência em seu blog, abaixo segue minha contribuição.

(As partes em itálicos são observações da Marcelle)

O fantástico Hotel Lopes & Seivalos – impressões de um visitante atípico

O relógio marcava por volta de quatro da tarde quando finalmente cheguei a este albergue familiar. Era o dia 14 de agosto e minha saga de 22 dias estava apenas no início. Depois de uma viagem de 36 horas, duas malas perdidas, não mais possuía o endereço de onde seria minha temporária moradia e o telefone da Bia obviamente estava anotado com uma falta de números… normal para os padrões de um bom perrengueiro. Assim como Deus ajuda os bêbados, agracia com essa mesma força os que não possuem destino. Por fazer parte de ambos os grupos toquei a campainha do apartamento naquele fim de tarde que ainda oferecia fortes raios solares de fim de verão.

M & B chegaram a Barcelona há quase quatro meses para seus respectivos MBA’s. Posso dizer que já são “minhocas” da cidade, a Marcelle possui um GPS em seu Celular Tamagoshi e a Bia se vira bem com seu mini-mapa e seguindo seus instintos na busca dos locais, quando o mesmo não funciona uma ligação para mamãe Marcelle soluciona o problema.


O apartamento também é conhecido pelos colegas de curso como maternidade, hospital e centro de alta culinária. O kit de sobrevivência das duas é diversificado, no da Bia o mais importante sem dúvida é a cerveja quase congelante. Já o da Marcelle inclui um kit de primeiro socorros dignos de observação: se o mundo entrasse em colapso sob um ataque nuclear poucos sobreviveriam é certo, aqueles que estivessem sob abrigo subterrâneo teriam mais chances, assim como os que estivessem perto da Marcelle e de sua farmácia portátil.

Outro dia em uma de nossas conversas de cigarro na varanda ela solta com espontaneidade: “nossa, passei na frente do Hospital hoje, ele é tão bonito…”, claro que nestes momentos não me seguro e a seqüência de pilhas nasce com naturalidade. Não é difícil concluir que os amigos de curso adoentados buscam auxílio a ela, ás más línguas já diziam que estava prescrevendo receitas médicas, seguidas de conselhos de repouso, alimentação moderada e etc.

Falar de tudo isso sem citar a vida noturna da cidade seria uma blasfêmia, até porque nossa amiga Marcelle tem uma lista VIP no conhecidíssimo Budah Bar, local que tive a chance de conhecer uma vez e ser barrado nas outras duas (os leões de chácara de Barcelona não gostam muito do meu estilo de se vestir).

Talvez uma das cenas mais engraçadas que presenciei foi a escolha dos “targets” de cada uma para os próximos 2 anos de curso. Sei que os mais inocentes devem estar pensando que elas se reúnem para discutir teorias financeiras mercadológicas, bem…. não exatamente. No primeiro dia do curso foram agraciadas com um “book” de fotos de todos os alunos, então verifiquei as duas revendo fotos de carinhas que eram gatos, barangos, pegáveis e os dignos de casamento com véu e grinalda. Dividiram as mulheres em categorias: caídas, mesmo nível e tops. Fizeram a matemática de quantas tops pegariam os mais gatos, quantos sobrariam para porradaria da meiuca, elegeram alvos possíveis, intangíveis e começaram a rever os conceitos dos barangos… Desnecessário a afirmação de que uma tarde inteira foi gasta nessa importante tese que por sua delicadeza mereceria um filme. (Em minha defesa, nós estávamos usando as técnicas de probablidade que eu aprendi na aula de Decision Analysis.)

Falando em filmes, certa noite Marcelle chega a casa com uma película dos irmãos Cohen que no momento me foge a memória, parecia interessante, por isso me fiz presente a sessão.
Como a Bia já tinha visto o mesmo eu e a blogueira éramos a totalidade da audiência. Após duas horas a trama termina, mas para nosso espanto não tínhamos entendido bulhufas da mensagem. Eu, conformado com minha burrice fui até a varanda confabular com um cigarro, enquanto Marcelle aparentemente havia desaparecido. (O filme era "Onde os fracos não tem vez".)


Após um longo intervalo de tempo, no qual já vislumbrava outras questões, Marcelle como num passe de mágica invade meus pensamentos e começa a explicar todo o filme, as reviravoltas, os motivos ,as teorias… enfim, ela tinha ido a internet, visto sites de discussão sobre o filme, posts, declarações do autor…, ou seja, não sossegaria enquanto não houvesse uma resposta plausível.

Plausível somente não é a mania de fumar um cigarro que não é produzido em nenhum lugar do mundo que não o Brasil. Os fumantes da platéia entenderão melhor esse “subject”. Dentre os piores cigarros produzidos no mundo existe um cujo nome é Free Light. Um tabaco de qualidade questionável seguido por um duplo filtro que impede a fumaça de chegar a seus pulmões. É como querer fumar desesperadamente, tragar com força o cigarro e vir apenas uma fração de fumaça. O cigarro logo se transforma em decepção. Pois que já tentei convencê-la a aderir a novas marcas, mas ela segue obrigando todos seus amigos vindos do Brasil a trazer pacotes e mais pacotes desse mal. Mas como dizia um amigo meu: “cada maluco em seu quadrado…”.

Muito me estenderia, pois resumismos não são uma qualidade presente no que vos escreve, mas em respeito ao tempo e o espaço findo minhas palavras. Tem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras MASTERCARD, Marcelle e Bia deveriam se associar a rede de cartões, alugar a sala e vender simpatia, antes do fim do curso estariam ricas e bem casadas. (Ricas estaremos com certeza, agora o bem casada é que tá difícil!!)

Esse é o meu relato.

Paulinho.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossaaa! Mais como eu ri...ri muuuiiitooo! Adoreiii!!! Só fico com mais saudades,droga!
Por falar em saudades...vem cá? Recebeu o DVD? Eu deixei na casa da sua mãe uma cópia Celle. Tem alguma noticia sobre isso?
Preciso de uma resposta,tá? rs!
Beijos para as 2!

Julieta disse...

Sensacional!!!
Marcelle, convença o Paulinho a fazer um blog, por favor!

Glazione Rocha disse...

Nunca imaginei que essas técnicas de probabilidade seriam usadas numa coisa tão util. Me amarrei na "Decision Analisys".

Anônimo disse...

é.. que pena que vcs perderam esse visitante atípico, eu estava bem mais tranquila com um homem protegendo vcs em casa.obrigado paulinho pelo carinho dado a elas.beijos sandra

taiamaral disse...

bom de maissssssssssssss!! morri de rirrrrrrrrrrrrrrr!! hehehehe...
saudades de vcs!!
bjs