domingo, 15 de março de 2009

2 down, 4 to go

O segundo term acabou e graças a Deus dessa vez consegui ficar do lado certo da curva. Nada de C para mim dessa vez! Não sei se eu fiquei mais inteligente, se eu parei de me importar tanto, se meus amiguinhos de sala pararam de estudar, se as matérias desse term eram mais interessantes pra mim ou uma junção de todos esses fatores, mas o meu desempenho foi muito melhor e eu estou muito orgulhosa de mim. Vale a pena se esforçar e correr atrás. Outra coisa boa foi que eu me formei no espanhol: hablo muy bien ahora! E sem o curso de espanhol eu ganhei praticamente 2 horas no meu dia pra fazer o que eu quiser. Um delicia.

Pensando no que eu faria nessas 2 horas extras que eu tenho agora, eu resolvi comprar um par de patins. A primavera finalmente chegou aqui em Barcelona e nos finais de semana o tempo tem estado tão bom que me dá vontade de sair e patinar pelas ruas de Barcelona. E assim eu fiz sábado passado. Coloquei toda a parafernalha de segurança: joelheira, cotoveleira, etc e comecei a minha aventura. Eu estava um pouco insegurança, porque faziam mais de 10 anos que eu não patinava, mas aos poucos eu fui indo, as lembranças da adolescência foram voltando e eu fui ficando mais confiante. Mas aí uma ladeira chegou. E no meio da ladeira eu me lembrei que eu nunca soube como frear com o patins. A velocidade foi aumentando e o meu desespero também. Comecei a fazer os cálculos... Qual é o melhor lugar para tentar fazer um 360 graus? Onde é o melhor lugar para eu cair? ...e o cruzamento chegando... Como calcula o perímetro do círculo mesmo? 2piR? Qual é a melhor maneira para eu cair? ...e a velhinha atravessando a ciclovia... Conseguirá nossa heroína sobreviver a mais esse desafio?? Bom, sobreviver eu sobrevivi, mas o estabaco foi inevitável. Ipod para um lado, óculos para o outro, a chave só Deus sabe para onde, um mico só. Depois dessa experiência eu decidi ir pra casa porque eu já tinha me arriscado o suficiente para um dia. E como com os acidentes de carro a maioria das ‘batidas’ acontece perto de casa, o mesmo pode ser dito com as quedas de patins. Entrei em casa, patinei na direção do sofá e sem mais nem menos, sozinha, sem nenhuma ladeira, velhinha ou whatever, eu cai, de novo, e cai feio. Com direito a hospital, raio-x, tipóia por uma semana. Um vexame. A Bia já escondeu os meus patins. Ela não quer ter que me levar pro hospital todo final de semana.

Páscoa está chegando e com ela 10 dias de férias para a gente! Bia e eu vamos fazer um cruzeiro pelo mediterrâneo. A nossa rota está na imagem abaixo. O cruzeiro tem três grandes vantagens: a primeira é que a gente dorme em um país e acaba em outro, o que nos poupa tempo e energia. A segunda é que tudo está incluído, inclusive bebidas! Ou seja, mesmo que só tenham velhos no cruzeiro, nós estaremos entre velhos sim, pero borrachas! E a terceira é que nós teremos 12 horas em cada porto o que nos dá tempo para ir em nas cidades nas redondezas. Vai ser muito divertido!


Por falar em divertido, semana passada rolou o IESE MultiCulti. O MultiCulti é um evento muito legal, onde cada país tem um estande e os alunos de cada nacionalidade se reúnem para trazer o melhor da comida e bebida do seu país. Os países que quiserem podem fazer uma apresentação no palco também, mas isso é opcional. Eu me envolvi na organização, assim como todos os brasileiros do primeiro ano. Fizemos uma vaquinha entre nós e começamos o planejamento: decoração do estande, brindes, comida, bebida e apresentação. Queríamos fazer tudo! Mas infelizmente o pouco tempo e dinheiro nos limitou um pouco, mas conseguimos fazer bonito no evento e representar bem o nosso Brasil. Contratamos uma escola de samba que tem aqui em Barcelona e os gringos ficaram malucos com a batucada. Na verdade nós brasileiros éramos os mais felizes. Depois de termos perdido o carnaval, ouvir as marchinhas e os samba enredos vindo de uma autentica bateria foi indescritível. A comida podíamos ter nos dedicado um pouco mais, principalmente depois que eu vi o estande mexicano que contratou um restaurante pra levar comida pro evento. Nós só tínhamos coxinha, empadinha e salgadinhos em geral. Ano que vem prometi um caldinho de feijão e quem sabe umas baianas fazendo acarajé. Mas na bebida fizemos bonito! Conseguimos o patrocínio da Ypioca e tínhamos uma operação intensa rolando pra produzir a verdadeira autentica caipirinha. Não tenho nem noção de quantos limões foram cortados. Uma loucura! Pros brindes tentamos de todas as formas mandar fazer as havaianas com a logo da escola, mas não deu tempo pra esse ano. Distribuímos as fitinhas do senhor do Bonfim, que já foi um sucesso. Foi uma das melhores festas até agora! Todo mundo colocou tanto esforço para representar bem o seu país. Estavam todos tão orgulhosos dos seus países, que foi bonito de ver. A cada estande que eu ia alguém me dizia "Vem provar essa comida/doce/bebida! É a(o) melhor do mundo!". As apresentações foram um capítulo a parte. A dedicação dos indianos e dos japoneses para coreografar e ensaiar a dança típica deles foi impressionante. Lindo! Lindo! Lindo!

Para assistir a um vídeo da festa, clique aqui.

sábado, 7 de março de 2009

Family in town!

Foi uma droga estar longe dos amigos no dia do meu niver
Foi uma droga estar fora do Brasil durante o Carnaval
E foi uma delícia ter papai e mamãe aqui comigo.

Na noite do meu aniversário, o Fabio fez uma festa na casa dele pra comemorar o nosso aniversário (ele também faz aniversário em fevereiro). Foi muito legal, tinha bastante gente lá, eu estava feliz, bêbada, mas não foi a mesma coisa. Primeiro porque organizar festas em Euros é uma coisa bem mais complicada. Segundo porque entre os 200 alunos e os oito meses que eu estou aqui, se eu tenho 5 amigos é muito. Então a motivação para dedicar o meu pouco e escasso tempo e dinheiro na festa foi zero. De qualquer forma eu me diverti bastante. Um momento muito engraçado na festa foi quando um alemão chegou com de um chapéu de cowboy rosa e uma roupa toda colorida, porque ele presumiu que uma festa de aniversário de dois brasileiros em fevereiro tem que ser festa de Carnaval, claro. Mas não era e eu fiquei super sem graça no meu vestido preto.

Eu nunca fui muito fã de pular Carnaval, ir em blocos, me espremer na muvuca, pular com a multidão. Mas eu gosto do burburinho. Do planejamento, das expectativas, da forma que os jornais, a TV e as pessoas ficam monotemáticas. Eu gosto de assistir as escolas de samba, decorar as músicas, sambar e fazer comentários como se eu fosse uma especialista em todos os critérios de avaliação de um desfile. Eu gosto de assistir a apuração, torcer pra minha Mangueira e ficar imaginando o quanto de calor aquelas pessoas que estão nas mesas e nas arquibancadas devem ficar sentindo. Gosto do batuque e do bum-eskibum-bum-bum que a gente escuta em todos os cantos da cidade. Acho que pra mim Carnaval entrou na categoria das coisas que fazem de mim brasileira e que por conseqüência me matam de saudades.

Meus pais chegaram um dia antes do meu aniversário e foram embora ontem. É indescritível ver meu pai sentado no meu sofá ou a minha mãe almoçando no refeitório que eu como todos os dias. Mostrar meu quarto, meu banheiro, levar eles no ônibus que eu pego todos os dias (pra eles entenderem a dureza), no mercado que eu faço compras, apresentar aos amigos foi maravilhoso. Eu cheia de orgulho de poder mostrá-los que estou sobrevivendo e eles cheios de orgulho de me ver vencendo. Agora os high lights da viagem dos meus pais a Europa:

- Meu pai tirou um dia inteiro e ficou aqui em casa concertando e aperfeiçoando tudo o que ele podia no nosso apartamento. O que foi ótimo e nós ficamos super felizes. Ganhamos um filtro de água que nos poupa dinheiro e viagens até ao mercado, já que a freqüência que vamos ao mercado é diretamente proporcional ao nosso consumo de água. E como não dá pra carregar 6 litros de água de uma só vez, água sempre foi um problema. A única coisa negativa da reforma do meu pai foi a quantidade de ferramentas que ele precisou comprar pra fazer todo o sirviço. Agora eu tenho um armário só pra maquina de furar, por exemplo.

- Meus pais amaram Barcelona e fizeram tudo aquilo que eles mais gostam. Minha mãe fez compras e foi pro Casino (Numa noite eles ganharam mil euros!!). Meu pai comeu muito e foi pra Marina ficar olhando os veleiros sempre que ele pode.

- Eu tenho uma lista de restaurantes que eu sempre quis ir, mas o meu orçamento não me permitia. Então assim que meus pais chegaram, eu tirei a lista da gaveta e começamos o tour gastronômico por Barcelona. O mais interessante de todos foi o Comerç24. Esse restaurante é do chef Carles Abellan, que trabalhou sete anos no El Bulli, restaurante do Ferran Adrià. Pra quem não sabe Ferran Adrià é um dos chefs mais famoso da Espanha e que difundiu a gastronomia molecular. O El Bulli é um dos restaurantes mais famosos do mundo e só fica aberto durante três meses. Com isso a lista de espera para conseguir uma reserva leva mais de 2 anos. Como eu não tenho tanta paciência, resolvi ir no genérico mesmo. Assim como Adrian, no Comerç24 os mini pratos (tapas) tem como objetivo estimular todos os nossos sentidos e não só o paladar. Com isso, as comidas têm texturas e cheiros muito diferentes do que estamos acostumados. Chegamos no restaurante e pedimos o menu degustação. Enquanto esperávamos pela comida, um misto de insegurança, expectativa, medo, curiosidade reinava na nossa mesa. A Bia é super convencional no quesito comida e entrar nessa aventura foi um grande passo pra ela. As entradas chegaram e a gente foi se acalmando porque não era nada tão excêntrico assim. Mas a cada prato que chegava a inovação aumentava. O momento alto do jantar foi quando o garçom trouxe uma tigelinha. A Bia ficou toda feliz “oba sopinha”! Mas quando a gente olhou pro prato, só tinham seis bolinhas coloridas dentro. Olhamos pro garçom como fazíamos sempre que um prato novo chegava e esperamos a explicação de como comer aquelas bolinhas. O garçom derramou algo tipo um caldo de galinha na tigelinha e nos recomendou colocar a bolinha toda dentro da boca. E assim fizemos. Cada bolinha tinha um sabor diferente: ovo, parmesão, trufa. E quando colocada na boca ela explodia dando uma sensação muito interessante. A comida não é maravilhosa, mas a experiência sim é muito interessante. É uma forma de arte até. Não é a toa que chamam o Ferran Adrià do Salvador Dali da culinária. Foi muito divertido!


- Para ver as fotos clique aqui.