sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Girls Gone Wild

Nas duas primeiras semanas, a única coisa que a gente fez foi ver apartamentos. A gente achou que ia resolver os nossos problemas em uma semana e ia poder curtir um pouco a cidade e quem sabe dar uma viajada pela Europa. Mas acabou que as coisas se enrolaram tanto por aqui com as burocracias de banco e agências imobiliárias que a gente até bem pouco tempo atrás não tinha feito nada além de receber os nossos amiguinhos de sala que marcavam jantares com a gente pra nos conhecer. A Bia já estava ficando até preocupada, porque todo mundo que a gente tinha conhecido até então, bebia uma cerveja durante o jantar e depois pedia la cuenta. Ou seja, ninguém a acompanhava na cerveja e ela já estava perdendo a armadura que ela cultiva há muitos anos. Mas tudo mudou quando a gente soube que o Naresh estava chegando.

Naresh é um americano que eu conheci em Nova York. Um final de semana antes da minha festa de despedida, ele passou alguns dias com a gente no Rio e em Angra. E agora ele veio pra Barcelona pra alugar o apartamento dele e depois vai voltar pros Estados Unidos mais uma vez. Bom, Naresh é do tipo que bebe uísque Johnny Walker Black na night. Ou seja, gosta de uma gastação. Aproveito pra deixar a dica: nunca seja amiga desse tipo, porque o seu destino é a falência. Em Nova York ele só me levou pra lugar top de linha e foi super simpático (e muito conveniente) pagando todos os meus Kir Royals. Quando ele foi pro Rio, eu retribuí toda a gentileza com muito prazer, até porque eu ainda trabalhava com reais nessa época.

Bom, quando soubemos que o Naresh chegava no dia 22, eu e Bia passamos a economizar cada centavo. A gente já está vivendo um momento bem apertado aqui, então quando eu digo ‘economizar cada centavo’, eu me refiro a aproveitamento de alimentos e sobra de refeições passadas, uso de cupons de desconto e coisas do tipo.

Dia 22 :: Naresh chegou e no mesma dia já quis sair. Eu dei a dica pra Bia: se arruma bonitinha que essa historinha que a gente só vai sair pra jantar é bullshit. E não deu outra. Chegamos num bar meia bomba em Grácia (o bairro com a maior quantidade de bar por metro quadrado do mundo), bebemos alguns drinks e eu de cara percebi que aquilo não iria bastar pra ele. Umas duas horas se passaram e ele vidrado no blackberry pesquisando as melhores nights de terça na cidade. Veja bem, TERÇA. Saímos de lá e ele disse que queria só dar uma olhada num bar que tinha ali perto, que o taxi era por conta dele. Eu e Bia estávamos tão distraídas conversando que a gente nem se tocou no que estávamos nos metendo. Chegamos na porta do lugar, rolava uma fila, eu olhei pro letreiro ‘Buda Bar Restaurante’ e pensei “boa, tava com fome mesmo!” (pensamento de gordinha). As pessoas na nossa frente saem todas da fila e vão embora. Na hora achei que elas tivessem desistido ou que o restaurante já tinha fechado, mas antes que eu chegasse a alguma conclusão o segurança me pergunta se eu tenho reserva. Eu disse que não, com a minha inocente confiança. Ele pergunta se eu estou no guest list. E eu respondo que não, já não tão confiante. Começo a entender porque as pessoas saíram da fila. Então, o segurança nos olha de cima a baixo e diz que a gente pode entrar. Só quando eu entrei no lugar a ficha caiu. Nós estávamos na boate mais cara de Barcelona e pra piorar, toda terça-feira lá, é models night. Olho pra Bia com uma cara de desespero porque, independente do dinheiro que eu sabia que iria gastar, só a minha bunda pesava mais do que duas meninas daquelas juntas. Naresh, claro, estava numa felicidade só, foi direto pro bar, trouxe bebida pra todo mundo e ficou dizendo que a gente só conseguiu entrar porque o segurança tinha gostado de mim e da Bia. Veja bem, o Naresh é da minha turma, inteligente, sabe como levantar a moral das duas gordinhas aqui. Com isso, eu e Bia, todas confiantes, fomos pra pista de dança. Levamos uma facada quando chegou a nossa vez de pagar a rodada de bebida, mas até que foi muito divertido. Na saída, Naresh me convenceu a ir falar de novo com o segurança e descobrir uma forma de entrar no guest list todas as noites. Eu, de pilequinho, claro, vou até o segurança mexendo com o meu cordão de um lado para o outro, fazendo quase que uma hipnose em direção ao decote, e digo que sou brasileira (abre algumas portas essa informação), que vou morar dois anos em Barcelona, que foi estudar na IESE (essa informação também) e que vou querer freqüentar muito aquele bar (só se eu ganhar na loteria na verdade) então gostaria de saber o que eu preciso fazer pra entrar no guest list. O segurança me dá o telefone de um tal de Ricardo, que é brasileiro, e que é promoter da casa e que vai me colocar na lista. Então agora Ricardo é a minha ligação com o mundo das nights e eu agora tenho a missão de conseguir uma lista especial para alunos da IESE e da ESADE e, com isso, automaticamente, eu viro a promoter da IESE. Quem sabe assim eu não tenho que pagar pelos meus drinks.

Dia 23 :: Marcamos com todos os alunos da IESE e da ESADE num bar chamado Chupitos. Dizem que esse bar é o point dos alunos das duas faculdades e ele é famoso na cidade por ter mais de 500 tipos de shots, cada um com o nome mais estranho que o outro. O shot mais famoso é um que o garçom coloca fogo na mesa, te dá uns palitos com marshmallow, você queima o marshmallow no fogo, molha no shot, enfia na boca e vira. É interessante. Mas se depender de mim aquele bar não será o meu point não. Barcelona tem mania de bar estreito e comprido, sem lugar pra sentar e com pessoas fumando com ar condicionado ligado. Enfim, saímos de lá com a galera toda e fomos pra outro bar, onde eu pude sentar bonitinha.

Dia 24-25 :: Fizemos nossa mudança*.

Dia 26 :: Inicialmente seria só um jantarzinho no mexicano mais famoso da cidade, Bar Panchito, mas lógico que no final acabamos numa festa de aniversário de uma aluna do 2º ano da ESADE, num bar chamado Ágata. Lá eu conheci a Blanca, que é uma aluna do 2º ano da IESE. Ficamos conversando um tempão e ela me deu várias dicas. Ela falou o quanto o curso é pesado, principalmente nos primeiros meses, e das dificuldades que ela passou. Foi ótimo.

Dia 27 :: Domingo, foi o dia da Shakô! Naresh fez uma reserva pra uma mesa de 10 pessoas e eu pensando comigo que ele iria ficar muito frustrado quando percebesse que não ia essa galera toda. Mas foram! Tirando a Bia e o Dieter (amigo da sala da Bia, um alemão da melhor qualidade), o resto era todo da IESE. Jantamos lá, pedi uma garrafa de Lambrusco (14 euros) só pra mim e papo vai, papo vem, quando me dou conta a night estava rolando solta e a nossa mesa no meio da pista de dança. Vou explicar: até meia noite, o lugar é um restaurante, depois eles vão tirando as mesas, tirando as mesas e as pessoas vão entrando. Lógico que pagamos a conta o quanto antes e nos misturamos. Mais uma noite milionária, cheia de modelos dançando em queijos pra todos os lados. Agora a coisa mais impressionante: nós saímos de lá às 4h da manhã, a parada ainda estava lotada de espanhóis. Madrugada de segunda-feira, minha gente!! Bizarro!

Dia 28 :: Fomos... Uma pausa pra facilitar: toda vez que eu falar no plural eu me refiro a todas as pessoas das duas faculdades que estão em Barcelona. Ou seja, a gente só anda em galera e cada dia o grupo muda. Voltando. Fomos pra um restaurante japonês daqueles que rola uma esteira e as comidinhas ficam passando e você pega tudo o que quiser comer e só paga um preço. Foi divertido. E, graças a Deus, a noite acabou aí, porque o Naresh foi embora no dia seguinte cedo.

Dia 29 :: O Naresh foi embora, mas deixou uma night marcada. Ele contou pra todo mundo da Models Night no Buda Bar e que eu tinha um contato pra entrar no guest list. Então, lá fui eu ligar pro tal do Rodrigo e conseguir colocar o nome da galera no guest list. Missão dada é missão cumprida, como diria o meu primo querido. Liguei pro cara, contei pra ele o quanto as universidades eram caras, a média de idade dos alunos e as nacionalidades, ou seja, descrevi um público-alvo com potencial. Lógico que ele não sabe dos financiamentos e que estamos todos quebrados, então ele ficou todo animado e colocou o meu nome da lista. Marcelle Lopes + convidados ilimitados! E não colocou o meu nome só no Buda Bar, como no after Buda, o Roxy, que é uma night que só começa às 3h da manhã. Ou seja, tirando onda em Barcelona uhu!

Dia 30 :: Ikea Day*!

Clique aqui para ver fotos.

(Foi mal pela demora do post, mas estamos sem internet no apartamento novo, então tenho que ficar roubando a internet do vizinho, o que não é muito simpático, né? Hehehe Principalmente quando o vizinho é o filho da dona do apartamento que você alugou. Mas isso e todos os * ficam pro próximo post.)

4 comentários:

Beta disse...

Oi Celle! ADOREI o post! To rindo muito!! hahahahah E não venha me dizer que a demora do post foi a internet.. acho que as noitadas têm uma parcela maior de culpa! hahaha

As aulas começam quando?
Ps. Tirando onda em Barcelona é muito bom!!! rsrsrsrsr

Leticia Wahmann disse...

ai, vc descobriu a nigth espanhola....agora já era !! que saudade da minha época aí.....

Anônimo disse...

orgulhinho (L)

Glazione Rocha disse...

Se eu for prai, vou fugir de vocês! uahahahhaa