sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Y las clases empezaran

Sai de casa uma hora antes da aula começar, porque essa historia de pegar transporte coletivo é meio imprevisível e eu não queria chegar atrasada no meu primeiro dia. Entrei na estação do metro em frente a minha casa e fui em direção a Zona Universitária até o ponto final. De lá peguei o mini onibus que me leva pra cima da montanha e me deixa em frente a IESE. Cheguei na faculdade meia hora adiantada. Entrei no auditório e só tinham uns dez asiáticos (lógico). Sentei na segunda fila do lado do amigo asiático viadinho, que é muito engraçado e era o único que eu sabia pronunciar o nome. Aos poucos as pessoas foram chegando e sempre que elas entravam no auditório, você podia notar os olhos desesperados procurando um rosto familiar. Na maioria das vezes, o rosto familiar era o meu e eles vinham na minha direção, me cumprimentavam e iam sentar em algum lugar longe da segunda fila. Em 20 minutos quase todos os 235 alunos estavam no auditório. Todos aqueles rostos que durante meses eram apenas fotos no facebook estavam tomando corpo. Os outros brasileiros sentaram do meu lado, todos juntos, como uma reação ao desconforto que aquele lugar cheio de gente de todos os lugares do mundo trazia. Eu estava me sentindo meio uma pop star, porque todos os quase 60 alunos, que eu conhecia, vieram falar comigo e eu podia ver o estranhamento na cara daqueles que estavam vendo classmates pela primeira vez. O diretor do curso fez o welcome em 15 minutos e, em seguida, as provas orais e escritas de espanhol começaram. Depois das provas, começaram palestras sobre todas as coisas que devíamos fazer agora antes das aulas começarem, do tipo: alugar apartamento, correr atrás dos documentos de estudante, comprar um celular, comprar internet, TV a cabo e telefone, etc etc etc. Eu, como já tinha feito tudo isso, fui pra casa. Mais tarde começou um alvoroço no meu blackberry (todos os alunos tem blackberrys e todo mundo se comunica por IM) porque todo mundo recebeu por e-mail o nível de espanhol que tinha ficado e estava todo mundo curioso pra saber quem estava na sala de quem. Eu fiquei no oitavo nível e são doze no total. Fiquei super feliz, porque vou conseguir acabar o espanhol já nos primeiros meses, mas os amigos mais próximos ficaram no nível seis.

Segundo dia o transporte público já não me ajudou muito. Quando eu estava passando na roleta do metro, um trem chegou e eu não consegui pegar. Outro trem só dali a 8 minutos. Cheguei meio que atrasada, mas estavam todos perdidos pelo campus procurando as suas salas. Na minha sala tem dez alunos: dois portugueses, dois japoneses, uma koreana, uma holandesa, o Apolo e outros dois rapazes do mesmo nível que ele. Acho que só assim mesmo pra eu conseguir aturar as sete horas e meia de espanhol por dia, incluindo sábado. A matéria é dada super corrida e é um pouco difícil de acompanhar. Quarta que vem eu já tenho prova. Durante os intervalos, me senti um pouco frustrada porque sinto como se nunca fosse conseguir conhecer todos os alunos e muito menos saber todos os nomes. Não para de aparecer rostos novos para mim e eu que pensava que já conhecia a maioria. A volta pra casa é mais cansativa, porque o ônibus demora uns vinte minutos pra passar no ponto e pegar ônibus é um saco. Mas apesar do cansaço, to feliz!

Acho que eu não poderia ter tido um início melhor.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Personagens

Algumas das pessoas muito interessantes que conhecemos nesses últimos meses:

Lenira é a nossa nova e muito querida faxineira! (uuuuullllll). Ela veio pra Barcelona dois anos atrás, está noiva, faxina 15 apartamentos por semana e cobra 10 euros a hora. Quando eu perguntei pra ela se o noivo era brasileiro, ela respondeu “Deus me livre, eu vim de tão longe pra casar com um brasileiro? Ta louca?”. Sábia Lenira.

Portuga é um garçom simpático que trabalha num boteco pertinho da nossa casa chamado
Boc@ta.com. Eu gosto de chamar Bogotá.com e a primeira vez que vi achei que era uma lan house, óbvio. O portuga está em Barcelona há menos tempo que eu e toda vez que eu vou lá ele me pede dicas, porque assim como eu, ele também quer estudar. Tadinho...

Ângela é uma brasileira que trabalha no Mercat de Les Corts na barraca dos frutos do mar. Cada bairro aqui em Barcelona tem um mercado desses, que é como o mercado La Boqueria numa versão menor. Eu fui um dia lá tentar comprar camarões sem casca e ela me deu uma lição de meia hora sobre a heresia que seria me vender um camarão sem casca e me deu umas duas receitas de como usar a casca pra fazer um caldo delicioso.

Dieter é um alemão da sala da Bia, gente boa até o último fio de cabelo. Um dia ele tentou me convencer que era muito bom pro meu futuro profissional comprar um nome em japonês. Ele mesmo pagou 40 euros pra conseguir o dele, que até agora foi inútil, mas que ele tem certeza que ainda irá usá-lo muito. Queria ter uma forma de colocar o som do nome dele em japonês, porque é uma das coisas mais engraçadas que já ouvi. Claro que ele nunca conseguiu me convencer a fazer essa loucura, mas pelo menos eu ri disso durante umas quatro horas.


Nota sobre o último post: eu entendo a empolgação de todas as moças, eu estava sentindo a mesma coisa quando eu, bêbada, resolvi divulgar ao mundo meu encantamento pelo rapaz. Mas por enquanto é só isso. Eu estava numa festa, ele chegou, eu o vi, ele olhou pra mim, eu sorri, ele veio na minha direção, nós conversamos e that’s it. Mas é lógico que deixarei todas atualizadas das cenas dos próximos capítulos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Eu só tenho uma coisa a dizer:

Eu encontrei o amor.


(de novo)

domingo, 17 de agosto de 2008

Fotos

Clique aqui.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Here's not Lucy

A primeira vez que tivemos que fazer alguma tarefa doméstica mais pesada foi quando entregamos o apartamento temporário que ficamos nas primeiras semanas. Quando eu digo tarefa doméstica pesada, eu me refiro a fazer faxina, lavar roupa e coisas do tipo. Porque cozinhar e lavar louça já estão na rotina e eu fazia isso no Brasil também, diferente das tarefas domésticas pesadas. Pois bem, dia de entregar o apartamento temporário, Bia e eu colocamos nossa roupa mais suja, compramos alguns produtos de limpeza no chute e fomos pra missão faxina. Com eu já disse aqui, o apartamento tem apenas um cômodo, com uns 50 metros quadrados. Comecei pelo banheiro e a Bia pela sala. Depois de duas horas de geral, nós estávamos no mesmo local. Não, o apartamento não estava assim tão sujo. Sim, nós somos lentas. Óbvio! Eu NUNCA lavei uma latrina na minha vida. E eu não falo isso com orgulho não, só estou contextualizando os leitores para que vocês entendam melhor o tamanho do problema. Mas, como sempre, eu fiz algumas análises sobre a minha personalidade durante essa primeira missão limpeza e cheguei a uma conclusão (bastante conveniente devo dizer): a minha personalidade não me permite fazer faxina. A pessoa que é faxineira precisa ter um desapego e uma falta de perfeccionismo para alcançar um nível ótimo de produtividade que eu mesma não tenho. Juro! Nesse dia da primeira faxina, eu devo ter ficado uns 20 minutos limpando apenas o blindex do banheiro, porque toda hora que eu passava o produto pra limpar vidros e depois o pano, ficavam uns pelinhos do pano ou a marca do líquido pelo caminho e eu começava tudo de novo até que não tivesse marca ou pelo nenhuma. A mesma coisa aconteceu no espelho. Depois levei mais 20 minutos pra limpar os ladrilhos do banheiro, porque eu não conseguia aceitar que aqueles mofinhos entre eles são normais. Esfreguei, esfreguei, esfreguei e depois resolvi fazer uma meditação para exercitar o meu desapego, let it go and move on. Outra coisa irritante também é a quantidade de cabelo que cai da minha cabeça. Eu lá limpando o banheiro e quando eu via um fio no chão, outro na parede, outro na merda do blindex que eu fiquei 20 minutos limpando! Falei pra Bia, aqui na nossa casa, as duas andam de toca o dia todo!

A primeira vez que tivemos que lavar roupa foi preciso pesquisar na internet, ligar pras nossas mães umas duas vezes e muitas horas de deduções. O que determina a quantidade de sabão que vai à máquina? E a quantidade de amaciante? Venish só entra com roupa branca? Uma blusa bege entra na categoria roupa branca ou cor? E se eu tiver uma roupa toda branca com um pequeno bordado, isso significa que ela não é branca? O que caracteriza uma roupa muito suja e pouco suja? O que pode ir à máquina de secar? Como lavar um sutiã?!?! Quanto será que a gente gasta de luz usando as duas máquinas ao mesmo tempo? Eu devia ter feito o curso de empregada doméstica do SENAC antes de ter saído do Brasil. Pelo menos até agora a gente não estragou nada. Mas tem sido difícil.

Mas é interessante perceber a quantidade de lixo que produzimos todos os dias, o quanto de louça nós podemos acumular em poucas horas e a quantidade de poeira que se junta nos lugares menos esperados. Na verdade, pensando bem, não é nada interessante, é um saco! Eu sinto falta da Socorro, minha empregada querida, que não era lá essas coisas, mas na altura do campeonato ela é perfeita! Estamos em busca da nossa Socorro ou Luciana (empregada querida da Bia) na versão espanhola, que seja baratinha, que saiba fazer uma unha e quem sabe uma depilação. Alguém se habilita?

sábado, 9 de agosto de 2008

Meu Pai é Meu Herói!

E quem o conhece sabe que isso não é papo inocente de menina de sete anos. Essa fase já passou. Quando eu tinha sete anos, eu pensava que meu pai era mestre, muito mais que herói. Ele sempre tinha resposta para os meus porquês, sempre tinha solução para todos os problemas e força para fazer qualquer trabalho. Era realmente muito impressionante, principalmente aos olhos de uma menina. Mas com o tempo, eu fui percebendo que nem sempre a resposta que ele me dava era a correta (ele inventava muita coisa), que nem sempre a forma que ele resolvia os problemas era da forma que eu pensava ser ideal e que, na maioria das vezes, a força dele era excessiva e quebrava o que tivesse pela frente. Mas também, com o tempo, eu descobri um vencedor, que supera todas as dificuldades e enfrenta oceanos se preciso for para alcançar seus objetivos; descobri que por debaixo daquela carcaça espanhola, existe muito sentimento; descobri uma criança feliz, que tem sede de viver, curiosidade para descobrir todas as possibilidades do mundo, e não tem medo de arriscar. E, por essas e outras, que ele é o meu herói.

Lógico que também tem a parte dele ser uma das pessoas mais engraçadas e divertidas do mundo, dele ter papo sem fim para toda a eternidade, dele ser meu provador oficial de comidas e sempre achar gostoso (o que é muito importante para a minha confiança, claro), and last but not least, se não fosse por ele, eu jamais estaria vivendo essa experiência maravilhosa aqui do outro lado do oceano.

Deixo aqui para o meu herói uma mensagem de um velejador que, como todos os velejadores, é um sábio:

http://br.youtube.com/watch?v=wFfeolX-Rrg&feature=related

"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".


("Mar sem fim"- Amyr Klink)


Pai, Feliz Dia dos Pais!!

Eu te amo e morro de saudades!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

I need a Wireless HD

É com muito prazer que eu faço o upload do primeiro post usando a internet da minha casa! EeeeEEeee Agora temos telefone, internet wifi e TV a cabo. Voltamos ao mundo civilizado.

Bom, o ritmo deu uma diminuída por aqui por vários motivos: A) Naresh foi embora, B) O dinheiro está acabando, C) Eu estou cansada. E não é frescura, eu estou cansada mesmo. Com toda essa correria de procurar apartamento, ajeitar as nossas coisas, correr atrás do que estava faltando; toda essa montanha russa de emoções, com dias bons, dias ruins, dias muito felizes, dias nostálgicos, dia que tudo dá certo, dia que dá tudo errado; todo esse ritmo frenético de amiguinhos chegando, com a mesma empolgação, fazendo as mesmas perguntas que você já respondeu um milhão de vezes (and still counting...), demandando toda a minha simpatia; aaaaahhhh!!!! É cansativo!

Sem contar que todo dia, eu aprendo em média três nomes diferentes, um mais estranho que o outro, cada um com a sua respectiva nacionalidade, profissão e bairro onde mora aqui em Barcelona. Alguns nomes vêm com mais informação, do tipo: já foi ou não ao Brasil, conhece ou não a fama dos cariocas, sabe ou não dançar, está ou não procurando flatmates, enfim... No mínimo, são nove novos dados no meu HD todo dia. Além disso, eu também aprendo em média três palavras por dia de cada língua que eu tenho contato diário. Inglês, espanhol e catalão. E, eventualmente, querendo ser simpática eu ainda aprendo algumas coisas em alemão, japonês, etc. Ou seja, são mais nove novos dados no meu HD diariamente, dezoito no total. Não há memória que agüente.

Eu venho sentindo muito sono durante o dia. No início eu achei que estava ficando doente, depois eu comecei a pensar que eu estava me adaptando ao hábito espanhol da siesta, mas agora eu acho que o que está acontecendo comigo é o mesmo que acontece com bebês. O cérebro fica cansado de receber tanta novidade e precisa dormir. Faz sentido, né?

Faltam 3 semanas pras aulas começarem. :O

Praqueles que me pediram, segue meu endereço de Barcelona:

Endereço: Carrer de Can bruixa, 4, 5º 1ª. Barcelona – 08028 – España
Telefone de casa: 933 399 410

sábado, 2 de agosto de 2008

Girls Gone Shopping

Nós ficamos duas semanas nesse apartamento temporário que tinha apenas um cômodo, uma cama e um mini edredom. No início eu fazia piadas do tipo “ah se a gente suja a cozinha, automaticamente a gente suja a sala de jantar, a sala de TV e o quarto, né roomie? He-he-he Mas nos últimos dias, eu já não agüentava mais. Principalmente porque se nós cozinhássemos um macarrão, nós teríamos que sentir esse cheiro durante dois dias. (E todo mundo sabe que cheiro de comida na casa é um horror ;) Mas enfim o grande dia chegou e nós nos mudamos. A ginástica com a mala gigante rendeu mais um milhão de risadas, mas graças a Deus o Naresh estava com a gente pra me ajudar.

No dia que assinamos o contrato, descobrimos que o nosso vizinho na verdade é filho da dona do apartamento, Mariza. Mariza é uma senhora de pouco menos de 60 anos, que aparentemente tem muito dinheiro. Ela comprou dois apartamentos, porta com porta, nesse prédio que tem dois apartamentos por andar. Ela deu um para o filho e um para a filha e nós estamos alugando o apartamento da filha, enquanto que o filho, recém-casado, vive no presente da mamãe. Mariza é muito simpática, disse que sentiu uma boa energia da gente, apesar de sermos brasileiras. O ‘apesar’ existe porque aparentemente ela teve uma péssima experiência alugando um dos imóveis dela para um paulista, que fazia festas todos os dias e usava drogas, a ponto da polícia semanalmente ter que bater na porta do infeliz. Então Mariza estava muito preocupada pensando que todos os brasileiros usam drogas e fazem festa todos os dias. Eu respondi pra ela que nem todos são assim, só os paulistas. (Eu adoro fazer essa piada. Sempre que alguém me pergunta ou comenta algo de ruim dos brasileiros, eu acho uma forma de jogar a culpa nos paulistas).

Bom, nosso apartamento é ótimo. Ele fica em Lês Corts, que é um bairro familiar sem muitos restaurantes e bares, mas que tem boas opções de transporte público, muitos mercados e é relativamente perto das nossas escolas. A gente ta meio longe do resto dos amiguinhos, mas acho que quando as aulas começarem, no final de agosto, eu não vou me importar muito com isso. O prédio é relativamente novo, os móveis estão impecáveis, nós temos ar-condicionado central e aquecedor, um banheiro pra cada uma. É puro luxo. Mas os objetos de decoração... MEU DEUS! Parece que a Mariza pegou todos os presentes horrorosos que ela ganhou durante a vida dela toda e largou aqui. Na minha opinião, o campeão é um conjunto de sopeira com seis copinhos. Eles são marrons e em cada item tem a carinha de um cachorro de raças diferentes. A raça da sopeira é um bulldog. O que a Bia mais odiava era a maga com a bola de cristal, um abajur com uma mulher toda negra e a luz fica numa bola branca redonda. Bom, a Bia odiava, assim no passado mesmo, porque logo no primeiro dia a gente resolveu fazer um armário com todas essas coisas horrorosas, esconder tudo lá dentro e colocar uma placa “não abra se você tem problemas do coração”. Pois bem, começamos a esconder tudo. Chegou a hora da maga, a Bia pega a bruxa pelo corpo e ela cai no chão!!! Bateu um desespero momentâneo, mas eu dei uma colada com superbonder e agora a gente só precisa encontrar a Benfica de Barcelona pra comprar a bola de cristal. Nós temos um ano pra isso, acho que vai ser tranqüilo.

Outro aspecto bom do nosso apartamento são os quartos. Os dois são grandes. Eu, voluntariamente, fiquei com o menor sem o banheiro, porque eu achei que a suíte seria mais difícil pra conseguir remanejar os móveis e colocar uma mesa pra estudar como eu queria. A suíte tem uma cama king size que é tipo um elefante branco, sabe? Além disso, eu sou acostumada a atravessar um corredor pra ir ao banheiro e a Bia não. Enfim, assim que nos mudamos, tirei tudo decorativo que tinha no meu quarto, coloquei o gaveteiro dentro do armário, empurrei a cama pro lado, dei uma mesinha de cabeceira pra Bia e tchanan! Lá estava o espaço da minha mesa. Segunda parte, go shopping.

Ikea merece um parágrafo a parte. Eu nunca tinha ido numa loja daquelas e com certeza eu nunca vi nada parecido na minha vida. Eu podia ficar dias andando naquele lugar, eu poderia gastar milhões de euros, é impressionante. Eles têm TUDO que se possa imaginar. Infelizmente, eu não tenho os milhões de euros e nem espaço pra comprar tudo, mas deu pra fazer uma farrinha. Comprei a minha mesa linda, um gaveteiro, um espelho, roupa de cama, toalha e cabides. A Ikea tem um serviço de entrega e montagem, mas eles cobram por isso e leva uns três dias pra você receber as suas coisas. Nós, brasileiras malandras, contratamos uns chicanos que ficam na porta da loja, que além de serem mais baratos, entregam na hora e te levam até a sua casa junto. O único problema foi que nós tivemos que montar a minha mesa e no meio do processo eu comecei a pensar que qualquer quantia que a ikea cobrasse teria valido a pena. Mas até que agora eu to aqui sentadinha com orgulho de mim mesma por ter montado a mesa e a cadeira.

Um momento que também merece um parágrafo a parte: a saga da Bia pra comprar uma TV. Bom, Bia só dorme ou bêbada ou vendo TV. Toda vez que ela vem me explicar o processo hipnótico que a luz da TV, subindo e descendo, faz com ela, eu quase morro de rir. Mas enfim, Bia quer uma TV, não tem espaço no quarto, não pode colocar um racker na parede, as TVs de LCD são caríssimas, o que fazer? Um dia desses fomos ao Carrefour e já na entrada vimos uma promoção, a solução de todos os problemas: uma TV de plasma 20” por uma bagatela. Bia toda feliz vai pedir que o rapazinho da seção de eletrônicos busque uma daquelas pra ela. Ele volta com a triste noticia que as TVs tinham acabado, MAS que no dia seguinte eles provavelmente receberiam mais. No dia seguinte, ela volta. Já de longe ela vê o stand da promoção, no chão apenas uma caixa e em volta várias pessoas olhando e decidindo se levam ou não levam. Bia então começa a correr, decidida a lutar com unhas e dentes por sua TV, ela se aproxima do stand, empurra as pessoas com numa cena de filme em câmera lenta e agarra a caixa da TV. Mas a guerra não tinha acabado, apenas a primeira batalha, porque quando ela tenta levantar a caixa da TV, ela não consegue porque era muito pesada. “E agora? Será que eu largo a caixa aqui e corro pra pegar um carrinho? Mas se eu largar a caixa, alguém com certeza vai pegar!”. Então, ela junta todas as forças que lhe resta (afinal de contas, a nossa heroína correu e empurrou pessoas), levanta a caixa e leva pra seção de móveis de jardim (a mais próxima do stand) e esconde, isso mesmo, esconde a TV debaixo de uma mesa!!!! Corre pra pegar o carrinho e quando ela volta uma senhora estava sentada na mesa, escolhendo moveis pro jardim. hahaha Essa história é muito boa! Ao mesmo tempo que eu queria estar lá pra ver isso, eu sei que se eu estivesse isso tudo não teria acontecido. Acho que é mais engraçado imaginar como foi. Pra terminar, ela saiu vitoriosa do Carrefour com o seu soninho garantido.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Girls Gone Wild

Nas duas primeiras semanas, a única coisa que a gente fez foi ver apartamentos. A gente achou que ia resolver os nossos problemas em uma semana e ia poder curtir um pouco a cidade e quem sabe dar uma viajada pela Europa. Mas acabou que as coisas se enrolaram tanto por aqui com as burocracias de banco e agências imobiliárias que a gente até bem pouco tempo atrás não tinha feito nada além de receber os nossos amiguinhos de sala que marcavam jantares com a gente pra nos conhecer. A Bia já estava ficando até preocupada, porque todo mundo que a gente tinha conhecido até então, bebia uma cerveja durante o jantar e depois pedia la cuenta. Ou seja, ninguém a acompanhava na cerveja e ela já estava perdendo a armadura que ela cultiva há muitos anos. Mas tudo mudou quando a gente soube que o Naresh estava chegando.

Naresh é um americano que eu conheci em Nova York. Um final de semana antes da minha festa de despedida, ele passou alguns dias com a gente no Rio e em Angra. E agora ele veio pra Barcelona pra alugar o apartamento dele e depois vai voltar pros Estados Unidos mais uma vez. Bom, Naresh é do tipo que bebe uísque Johnny Walker Black na night. Ou seja, gosta de uma gastação. Aproveito pra deixar a dica: nunca seja amiga desse tipo, porque o seu destino é a falência. Em Nova York ele só me levou pra lugar top de linha e foi super simpático (e muito conveniente) pagando todos os meus Kir Royals. Quando ele foi pro Rio, eu retribuí toda a gentileza com muito prazer, até porque eu ainda trabalhava com reais nessa época.

Bom, quando soubemos que o Naresh chegava no dia 22, eu e Bia passamos a economizar cada centavo. A gente já está vivendo um momento bem apertado aqui, então quando eu digo ‘economizar cada centavo’, eu me refiro a aproveitamento de alimentos e sobra de refeições passadas, uso de cupons de desconto e coisas do tipo.

Dia 22 :: Naresh chegou e no mesma dia já quis sair. Eu dei a dica pra Bia: se arruma bonitinha que essa historinha que a gente só vai sair pra jantar é bullshit. E não deu outra. Chegamos num bar meia bomba em Grácia (o bairro com a maior quantidade de bar por metro quadrado do mundo), bebemos alguns drinks e eu de cara percebi que aquilo não iria bastar pra ele. Umas duas horas se passaram e ele vidrado no blackberry pesquisando as melhores nights de terça na cidade. Veja bem, TERÇA. Saímos de lá e ele disse que queria só dar uma olhada num bar que tinha ali perto, que o taxi era por conta dele. Eu e Bia estávamos tão distraídas conversando que a gente nem se tocou no que estávamos nos metendo. Chegamos na porta do lugar, rolava uma fila, eu olhei pro letreiro ‘Buda Bar Restaurante’ e pensei “boa, tava com fome mesmo!” (pensamento de gordinha). As pessoas na nossa frente saem todas da fila e vão embora. Na hora achei que elas tivessem desistido ou que o restaurante já tinha fechado, mas antes que eu chegasse a alguma conclusão o segurança me pergunta se eu tenho reserva. Eu disse que não, com a minha inocente confiança. Ele pergunta se eu estou no guest list. E eu respondo que não, já não tão confiante. Começo a entender porque as pessoas saíram da fila. Então, o segurança nos olha de cima a baixo e diz que a gente pode entrar. Só quando eu entrei no lugar a ficha caiu. Nós estávamos na boate mais cara de Barcelona e pra piorar, toda terça-feira lá, é models night. Olho pra Bia com uma cara de desespero porque, independente do dinheiro que eu sabia que iria gastar, só a minha bunda pesava mais do que duas meninas daquelas juntas. Naresh, claro, estava numa felicidade só, foi direto pro bar, trouxe bebida pra todo mundo e ficou dizendo que a gente só conseguiu entrar porque o segurança tinha gostado de mim e da Bia. Veja bem, o Naresh é da minha turma, inteligente, sabe como levantar a moral das duas gordinhas aqui. Com isso, eu e Bia, todas confiantes, fomos pra pista de dança. Levamos uma facada quando chegou a nossa vez de pagar a rodada de bebida, mas até que foi muito divertido. Na saída, Naresh me convenceu a ir falar de novo com o segurança e descobrir uma forma de entrar no guest list todas as noites. Eu, de pilequinho, claro, vou até o segurança mexendo com o meu cordão de um lado para o outro, fazendo quase que uma hipnose em direção ao decote, e digo que sou brasileira (abre algumas portas essa informação), que vou morar dois anos em Barcelona, que foi estudar na IESE (essa informação também) e que vou querer freqüentar muito aquele bar (só se eu ganhar na loteria na verdade) então gostaria de saber o que eu preciso fazer pra entrar no guest list. O segurança me dá o telefone de um tal de Ricardo, que é brasileiro, e que é promoter da casa e que vai me colocar na lista. Então agora Ricardo é a minha ligação com o mundo das nights e eu agora tenho a missão de conseguir uma lista especial para alunos da IESE e da ESADE e, com isso, automaticamente, eu viro a promoter da IESE. Quem sabe assim eu não tenho que pagar pelos meus drinks.

Dia 23 :: Marcamos com todos os alunos da IESE e da ESADE num bar chamado Chupitos. Dizem que esse bar é o point dos alunos das duas faculdades e ele é famoso na cidade por ter mais de 500 tipos de shots, cada um com o nome mais estranho que o outro. O shot mais famoso é um que o garçom coloca fogo na mesa, te dá uns palitos com marshmallow, você queima o marshmallow no fogo, molha no shot, enfia na boca e vira. É interessante. Mas se depender de mim aquele bar não será o meu point não. Barcelona tem mania de bar estreito e comprido, sem lugar pra sentar e com pessoas fumando com ar condicionado ligado. Enfim, saímos de lá com a galera toda e fomos pra outro bar, onde eu pude sentar bonitinha.

Dia 24-25 :: Fizemos nossa mudança*.

Dia 26 :: Inicialmente seria só um jantarzinho no mexicano mais famoso da cidade, Bar Panchito, mas lógico que no final acabamos numa festa de aniversário de uma aluna do 2º ano da ESADE, num bar chamado Ágata. Lá eu conheci a Blanca, que é uma aluna do 2º ano da IESE. Ficamos conversando um tempão e ela me deu várias dicas. Ela falou o quanto o curso é pesado, principalmente nos primeiros meses, e das dificuldades que ela passou. Foi ótimo.

Dia 27 :: Domingo, foi o dia da Shakô! Naresh fez uma reserva pra uma mesa de 10 pessoas e eu pensando comigo que ele iria ficar muito frustrado quando percebesse que não ia essa galera toda. Mas foram! Tirando a Bia e o Dieter (amigo da sala da Bia, um alemão da melhor qualidade), o resto era todo da IESE. Jantamos lá, pedi uma garrafa de Lambrusco (14 euros) só pra mim e papo vai, papo vem, quando me dou conta a night estava rolando solta e a nossa mesa no meio da pista de dança. Vou explicar: até meia noite, o lugar é um restaurante, depois eles vão tirando as mesas, tirando as mesas e as pessoas vão entrando. Lógico que pagamos a conta o quanto antes e nos misturamos. Mais uma noite milionária, cheia de modelos dançando em queijos pra todos os lados. Agora a coisa mais impressionante: nós saímos de lá às 4h da manhã, a parada ainda estava lotada de espanhóis. Madrugada de segunda-feira, minha gente!! Bizarro!

Dia 28 :: Fomos... Uma pausa pra facilitar: toda vez que eu falar no plural eu me refiro a todas as pessoas das duas faculdades que estão em Barcelona. Ou seja, a gente só anda em galera e cada dia o grupo muda. Voltando. Fomos pra um restaurante japonês daqueles que rola uma esteira e as comidinhas ficam passando e você pega tudo o que quiser comer e só paga um preço. Foi divertido. E, graças a Deus, a noite acabou aí, porque o Naresh foi embora no dia seguinte cedo.

Dia 29 :: O Naresh foi embora, mas deixou uma night marcada. Ele contou pra todo mundo da Models Night no Buda Bar e que eu tinha um contato pra entrar no guest list. Então, lá fui eu ligar pro tal do Rodrigo e conseguir colocar o nome da galera no guest list. Missão dada é missão cumprida, como diria o meu primo querido. Liguei pro cara, contei pra ele o quanto as universidades eram caras, a média de idade dos alunos e as nacionalidades, ou seja, descrevi um público-alvo com potencial. Lógico que ele não sabe dos financiamentos e que estamos todos quebrados, então ele ficou todo animado e colocou o meu nome da lista. Marcelle Lopes + convidados ilimitados! E não colocou o meu nome só no Buda Bar, como no after Buda, o Roxy, que é uma night que só começa às 3h da manhã. Ou seja, tirando onda em Barcelona uhu!

Dia 30 :: Ikea Day*!

Clique aqui para ver fotos.

(Foi mal pela demora do post, mas estamos sem internet no apartamento novo, então tenho que ficar roubando a internet do vizinho, o que não é muito simpático, né? Hehehe Principalmente quando o vizinho é o filho da dona do apartamento que você alugou. Mas isso e todos os * ficam pro próximo post.)