segunda-feira, 13 de abril de 2009

Páscoa em alto mar!

1506,3 milhas náuticas percorridas
4 países, 2 continentes visitados
782 tripulantes, 158 brasileiros
2852 passageiros, 2 brasileiras (adivinha quem?)
7 dias, inúmeros litros de álcool, alguns quilos extras e muita diversão.
0 bocas beijadas. (já virou hábito.)

As primeiras impressões do navio foram ao mesmo tempo surpreendentes e esperadas. Esperadas porque sabíamos que os companheiros de viagem seriam ou gays ou famílias. Felizmente (ou infelizmente) a segunda opção foi verdadeira. A faixa etária dos passageiros se concentrava entre 2-17 anos e depois dava um salto assustador para a faixa dos 40-80 anos de idade. E no meio estávamos nós com 26 aninhos. Alias, não só na idade a gente se destacava, mas na nacionalidade também. E aí vem a surpresa. O navio estava vindo do Brasil, da temporada do Carnaval, e por esse motivo a nacionalidade esmagadora entre os funcionários era a brasileira. O que foi uma surpresa boa. A cerveja no barco era Skol e o português, a língua falada. No meio de tanta família e velhos, os funcionários brasileiros se tornaram os nossos únicos amigos na hora do papo de bêbado nos bares do navio. Bom, únicos amigos eu estou sendo injusta. Os amigos da mesa de jantar também foram importantes. Toda a noite nós éramos ‘obrigadas’ a sentar na mesma mesa com as mesmas pessoas. Graças a Deus, apesar de fora da nossa faixa etária, Jaime, Rosa, Malu e Lena foram super simpáticos e com eles praticamos muito o nosso espanhol. O navio é super luxuoso, com vários bares, casino, lojas, milhões de pessoas te servindo o tempo todo, bebida e comida liberada. A cabine um pouco apertada, sem janela, mas deu pra sobreviver.

A primeira parada foi em Villefranche na França, que é uma cidade portuária bem charmosinha e pequena. Fiz uma promessa a mim mesma que um dia alugo uma casinha lá e passo umas férias. Se possível for com várias amigas solteiras, porque, queridas, a fonte de homem gato está lá! O navio não cabia na marina então umas lanchas precisaram buscar os passageiros no navio e levar até o continente. Encontrei o amor em todos os pilotos de lancha da cidade. Ojalá hubiera podido sacar fotos! E isso porque eu passei alguns minutos apenas em Villefranche. Assim que chegamos, pegamos o trem e fomos direto para Nice. Nice também é um charme, sem muito que ver, mas com uma praia lindinha. De lá fomos pra Mônaco, que também é bonito, mas um pouco luxuoso (e caro) demais em minha opinião. Falta um pouco de vida, sabe?

Segunda parada foi Livorno e de lá pegamos o trem para Florência, que é divina! Depois fomos para a Pisa, que só tem a torre de Pisa mesmo para se conhecer. Terceira parada Civitavecchia e de lá fomos para a Roma que dispensa qualquer comentário. O Vaticano foi um pouco decepcionante. Eu me considero uma pessoa religiosa encubada e muitas vezes a carola que existe em mim vem à tona de uma forma muito forte. E eu sempre achei que isso aconteceria no Vaticano. Mas, desculpe a heresia, eu não senti a presença de Deus ali. Talvez porque eu tenha ido durante a semana santa e o lugar estava lotado de turistas, mas já me emocionei muito mais em igrejas bem mais simples. O Vaticano para mim é um museu muito lindo.

Quarta parada foi Nápoles, que merece um capítulo a parte. Quando Bia e eu chegamos ao navio, nós recebemos os preços das excursões realizadas pela empresa que organiza o cruzeiro. Achamos absurdos os preços e decidimos que íamos conhecer as cidades por conta própria. Com quase nenhuma informação, pouco planejamento e convencidas de que nós duas somos seres pensantes, estudantes das melhores escolas de business do mundo, nos jogamos pela França e Itália (Tunísia nós já tínhamos entendido que não ia dar pé). Até então estava tudo indo muito bem, mais ou menos às 8h da manhã saíamos do navio e pontualmente meia hora antes do barco partir estávamos de volta. Sem estresse, com um pouco de pressa, mas conhecendo tudo que a gente queria conhecer. Até que chegamos a Nápoles. A ironia foi que Nápoles era o lugar que nós tínhamos menos coisa para fazer. Pegar um trem para Pompéia, visitar as ruínas e voltar. 11 horas eram mais do que suficientes, certo? Errado! Aconteceu que: a) nós estávamos mais tranqüilas que o normal: dormimos até um pouco mais tarde, demoramos mais para tomar café da manhã e fomos tranqüilas para a estação sem pressa de pegar o trem; b) Nápoles é uma cidade caótica! Resultado: por muito pouco perdemos o navio. Chegou um momento que a Bia parou de correr porque não agüentava mais e gritou “Segura o navio para mim!” e eu lá correndo como uma louca. Bom, fato é que Nápoles é uma das cidades mais feias que eu já fui na minha vida. É uma Praça Mauá tamanho cidade. Um caos, engarrafamento pra todos os lados, uma sujeirada, uma coisa horrível. O motivo do nosso atraso foi que pegamos o ônibus no sentido errado, fomos parar do outro lado da cidade e não percebemos, claro. Só quando o ônibus chegou no ponto final é que a gente foi se dar conta de que algo estava errado, mas aí já era tarde demais. Pra piorar ainda mais a situação tivemos um momento adrenalina que também vai ficar pra história. Na Itália, rola uma parada super estranha. Você compra o bilhete para o trem e para o ônibus e você tem que meter o bilhete numa máquina pra carimbar o dia que você usou a passagem. Mas essa máquina não está numa roleta ou em algum momento que seja obrigatório. Ela fica nas plataformas e no meio dos ônibus. Algumas vezes a máquina está quebrada ou você não encontra a máquina ou você realmente não tem bilhete ou você decide nunca validar e viajar sempre com a mesma passagem todos os dias, mas nada disso te impede de usar os meios de transporte. Bom eu e Bia sempre tínhamos as passagens porque somos super honestas, mas raramente a gente validava os bilhetes, pelos motivos descritos anteriormente. Bom, em Nápoles, no tal ônibus errado, a Bia teve uma iluminação divina e comentou que a gente devia validar as passagens. Pois bem, corta agora pra cena do momento de pânico: faltam 25 minutos pro navio partir, o ônibus está parado em um engarrafamento, nós não temos a menor idéia de onde estamos, a Bia quer sair do ônibus e ir atrás de um taxi, eu não vejo nenhum taxi nas ruas e tento manter a calma. Nesse momento, percebo uma agitação dentro do ônibus, alguns passageiros tentando abrir a porta do ônibus, falando alguma coisa que eu não entendia de forma nervosa, manter a calma começa a ficar impossível. Entram dois fiscais no ônibus e começam a pedir as passagens validadas. “puta que pariu! A gente validou essa merda?” Mostramos a nossa passagem. Passamos. Ufa! Claro que meio ônibus não tinha nem passagem. Uma mulher começa a gritar descontroladamente e eu e Bia começamos a rir num misto de nervoso, histeria e alívio. E a orelhinha da Bia bem ali na mira da mulher descontrolada! Decidimos sair do ônibus antes que a mulher espancasse a Bia em busca de um taxi. Começo a gritar feito uma louca “Taxi! Taxi!”, um taxista parou e nos deu toco “pra lá eu não vou não!”. Quando um finalmente disse que nos levava, pedimos pelo-amor-de-Deus pro taxista voar! Dentro do taxi, um pouco mais calmas, mas ainda olhando o relógio de cinco em cinco segundos “faltam 10 minutos”, a Bia resolve me lembrar que eu não tenho um puto, um euro, um real, nada! Ela tinha, lógico, porque ela não gastou nem um centavo em suvenires, já eu... Daí ela me pergunta: “cara roomie se você tivesse sozinha nessa situação, você não teria dinheiro pra pegar um taxi! O que você ia fazer?”. “Maluco, eu entrava no taxi e mostrava o peitinho. Isso tem que valer alguma coisa!” E assim fomos nos distraindo, rindo até a entrada do porto. Depois foi a correria que eu mencionei no inicio. Chegamos em ponto no navio graças ao italiano ‘Terra Nostra’ da Bia, aos euros da Bia, ao iluminado taxista que apareceu no nosso caminho e a minha corrida fajuta.

Quinta parada, La Goulette, Tunísia. Na nossa estréia em território africano decidimos pagar a excursão do cruzeiro. Fomos a Cartago e a Sidi Bou Said. Também não há muito que ver, mas deu pra sentir o gostinho da cultura árabe. Me encantei com as portas azuis do povoado de Sidi Bou Said (vocês vão ver nas fotos) e me diverti andando de camelo. Alias é verdade o que dizem: um homem quis levar a Bia por mil camelos. Como eu não sabia o que fazer com tanto camelo não concordei não. ;)


Para ver as fotos e os vídeos, clique aqui.

E amanhã tudo volta ao normal: 3 cases ao dia. Procurar emprego. Fazer dieta e exercícios.

11 comentários:

Unknown disse...

Marcelle, show o seu blog ! Morri de rir e adorei ver as fotos. Conheço muito bem o tal italiano terra nostra da bia, e também conheço muito bem a mania dela de desistir de correr nos 45 minutos do 2º tempo.
beijos e saudades.

taiamaral disse...

hahahaha muito bommmmmmmm!! adoreiiii!!
quer dizer q a bia ta valendo 1mil camelos?! hahahah e vc nao vendeu?? hahahaha isso q eh amiga!!
ADOREIIIIIIIIIIIIII!!

Julieta disse...

fala sério, com mil camelos você resolvia 2 problemas: emprego e amiga encalhada!

Bia disse...

Cara Julieta, nao da pra casar la nao.
Na Tunisia, as mulheres nao podem entrar nos bares...

Julieta disse...

hahahahahah Bia mas não se pode querer tudo na vida, né? Imagina casada, rica e podendo entrar em bares?! Assim todas nós íamos pra Tunísia!

Bia disse...

Ixalá muito ôro!

Beta disse...

Celle!
Sensacional, ri muito com a parte dos peitos! Realmente devem valer pelo menos uma corrida de Taxi!
Adorei que me "linkou" :D
bjsss

Teresa ( mãe da Clarissa e amiga da Ana ) disse...

Marcelle, tive que mandar um recadinho, pois amei sua descrição do cruzeiro, ri de chorar.
Bia vale mil camelos, mas a amizade de vcs não tem preço, né?
Beijos

Gustavo disse...

Hahahahahah booaa Celle! Se fosse eu ia sair 13h do navio e voltar 30 minutos depois hehehehe! E vc não deveria se preocupar, com esses peitos você consegue uma carona de volta pro Brasil se quisesse!! hahahah

Anônimo disse...

Adorei Marcelle, vc é D+, a muito tempo não me divertia tanto. Deve ser muito bom ter vc e a Bia como companheiras de viagem. Bjs. saudades tia Neyde

Glazione Rocha disse...

uahahahha olha o gus estrondando no blog! uahahaha
Pô fiquei decepcionado, pensei que Napoles era maneira.